Para CNC, volume será suficiente para honrar compromissos com exportação e consumo interno; estoques seguirão em mínimas históricas

Ontem (16), a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgou a primeira estimativa oficial para a safra 2020 de café no Brasil. A estatal previu um volume entre 57,15 milhões e 62,02 milhões de sacas de 60 kg, intervalo que representa crescimentos de 15,9% a 25,8% na comparação com as 49,3 milhões de sacas colhidas em 2019.

Para a variedade arábica, a Conab projeta uma colheita de 43,2 milhões a 45,98 milhões de sacas beneficiadas. Já para o conilon, a previsão fica entre 13,95 milhões e 16,04 milhões de sacas.

De acordo com a estatal, o avanço ocorrerá devido ao ciclo bienal de alta do café arábica. “O acréscimo de área em produção, bem como o indicativo de produtividade média superior a 2019 são fatores importantes para esta expectativa otimista”, completa, em relatório, a Companhia.

A área total destinada à cafeicultura no Brasil soma 2,162 milhões de hectares, dos quais 276,6 mil estão em formação (-13,3% em relação ao ciclo anterior) e 1,88 milhão de hectares encontra-se em produção (+4% sobre 2019). A produtividade média dos cafezais brasileiros foi projetada entre 30,31 sacas e 32,89 sacas por hectare, representando alta de 11,4% a 20,9% na comparação com a safra anterior.

O presidente do Conselho Nacional do Café (CNC), Silas Brasileiro, entende que o volume está dentro de uma realidade do campo, porém tende a ficar mais próximo de seu piso de 57 milhões de sacas.

“Muitas lavouras novas que possuíam projeções para colher bons volumes tiveram seu potencial afetado pelas adversidades climáticas e devem reduzir a colheita entre 30% e 40%”, pondera.

Segundo ele, ainda que a produção se aproxime do teto de 62 milhões de sacas, o Brasil não exercerá pressão, no aspecto fundamental, sobre os preços internacionais.

“Nossas exportações foram recorde em 2019, acima de 40 milhões de sacas, e, no mínimo, devem repetir o desempenho este ano. Somando esse fato a um consumo superior a 20 milhões de sacas, implica que toda a safra 2020 já tem comprometimento”, analisa. Brasileiro completa que “isso fará com que o país permaneça com seus menores níveis de estoque da história”.

O presidente do CNC diz que a sinergia existente entre os segmentos da cafeicultura no Brasil é fundamental para que o país siga exercendo o papel de principal ator da cadeia mundial. “Graças aos investimentos que realizamos no campo, atingimos volumes suficientes para honrar nosso consumo interno e o compromisso com as exportações”, explica.

Ele anota, ainda, que a qualidade alcançada na produção de café no país é fundamental para que o produto permaneça consolidado nos mercados tradicionais e desbrave novos clientes internacionais.

“Temos cafés especiais que não ficam atrás de nenhuma origem do mundo e nossos cafés convencionais (commodities) possuem uma qualidade ímpar, permitindo que o consumo nacional registre crescimentos constantes e o Brasil abasteça o mundo com seu café”, destaca.

Nesse sentido, conforme o presidente do CNC, a recriação e a definição da composição do Conselho Deliberativo da Política do Café apresentada pelo governo federal, atendendo ao pleito do setor privado, são fundamentais para a estruturação de uma política específica para a cafeicultura.

“É no CDPC que nossa cadeia debate e encontra consenso para as ações voltadas a investimentos no desenvolvimento dos cafezais e, como consequência, disponibilizamos o produto para atender brasileiros e todas as demais nações consumidoras”, finaliza.



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