Observação em campo mostram que podem ser usados dois sistemas, alternativos, para condução de lavouras de café na região de montanha. 

No Brasil, a cafeicultura de montanha compreende uma área total estimada em cerca de 600 mil hectares de cafeeiros arábicas e tem produzido safras médias na faixa de 13-14 milhões de sacas/ano, representando cerca de 25% da safra brasileira de café. Como o nome sugere, ela é composta pelas regiões e lavouras cultivadas em terrenos declivosos, onde a mecanização fica difícil e as lavouras são conduzidas, quase que exclusivamente, com tratos manuais. 

As dificuldades de mecanização e a estrutura de pequenas propriedades levam ao uso de sistemas de plantio de café com mais adensamento de plantas para o melhor aproveitamento das áreas. Nos plantios adensados, conforme o manejo a ser adotado, surgem duas alternativas. A primeira com espaçamento mais fechado, na faixa de 1,7 a 2,0 m nas ruas, e a segunda com um semi-adensamento, com 2,5 a 3,0 m. 

Nessas duas alternativas de adensamento, o manejo também vai ser diferenciado. Nos espaçamentos menores, deixa-se as plantas com mais hastes, 2 a 3 por planta, e mantêm-se a plantação fechada por várias colheitas – de 6 a 10 safras – até que se perceba que a copa se torna muito alta e com poucos ramos laterais. Então, nesse estágio, faz-se a recepa baixa e tem início um novo ciclo. Na alternativa de espaço maior nas ruas, as plantas são conduzidas com uma só haste, por 4 a 5 safras, ou até mais, dependendo da variedade e do espaçamento, e quando se nota o início de fechamento, antes de perda significativa da saia, pratica-se o esqueletamento/desponte, de preferência adotando, a partir daí, o sistema safra zero. 

No sistema que mantém a lavoura fechada vai-se, gradativamente, eliminando a ramagem lateral velha, na parte baixa da planta, e fica uma espécie de salão sob a copa dos cafeeiros. Existe a vantagem de reduzir tratos, não precisando controlar o mato, e a colheita nos últimos anos também é facilitada, colhendo de baixo pra cima, com auxílio da derriçadeira motorizada. Uma desvantagem do sistema é a dificuldade de pulverização nas pequenas propriedades que não possuem canhões atomizadores, assim as doenças acabam desfolhando as plantas, o que reduz muito a safra seguinte. Também, como se faz a recepa, é necessário retirar o material lenhoso da poda e as brotações novas ficam muito sujeitas a intoxicações por herbicidas. Além disso, a lavoura fica sem produção por um ano e tem uma safra pequena no segundo, após a poda drástica. 

O sistema semi-adensado, pela maior abertura na rua e menor distância na linha (2,5 a 3,0 X 0,5 m) facilita mais o trânsito dos trabalhadores para fazer os tratos normais e a colheita. Com o início do fechamento, a poda de esqueletamento recupera e multiplica a ramagem lateral e, logo em seguida, vem uma safra alta, com economia. Repetindo a poda a cada 2 anos, só se vai colher plantas bem produtivas, a custo mais baixo, com safra semelhante, em metade da área colhida, a cada ano. 

Os dois sistemas de adensamento são possíveis de alcançar bons resultados, um ou outro se adaptando melhor a cada situação do produtor. Cafeicultores com mais conhecimento e recursos podem se adaptar melhor ao sistema semi-adensado, com safra zero. Em ambos os sistemas, as observações em campo mostram que variedades resistentes ou tolerantes à ferrugem são mais adequadas, especialmente os catucaís, os quais, por isso, vem dominando nos novos plantios na região de montanha. Esse material genético tem apresentado boa produtividade e alto vigor, brotando bem após a poda.


Sistema adensado de manejo de cafezais, com plantas fechadas e produção concentrada nos ponteiros. Catucaí amarelo 2SL


Pode-se ver o sistema de condução com fechamento dos cafeeiros, com hastes formadas no segundo ciclo, de plantas recepadas, podendo-se observar os troncos velhos em baixo


Lavouras novas de café implantadas no sistema semi-adensado, com as variedades arara , em Santa Maria do Marechal (esq.) e catucaí amarelo 20/15 cv 479, em Ibatiba (ES) (dir.)


Lavoura no segundo ano, formada no espaçamento de 3 x 0,6m, com a variedade japy (seleção de catucaí vermelho resistente à ferrugem e tolerante à Phoma) – Fazenda Stockl – Santa Maria do Marechal (ES), jun/23 

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