Analistas já apostavam que o mercado passaria por oscilações com a entrada da nova safra brasileira, que iria pressionar os preços na Bolsa de Nova York (ICE Future US), e também pelas condições climáticas que devem ditar o ritmo de mercado até o fim da colheita. Mesmo com as incertezas do setor por conta da pandemia de Covid-19, os grãos brasileiros seguem como o mais competitivo.

O analista de café do Rabobank, Guilherme Morya, afirma que entre os principais motivos para deixar o País nesse patamar, estão: custo de produção, diferentes tipos de café produzidos no Brasil e, especialmente em 2020, a desvalorização do real ante o dólar. “Por mais que a gente esteja exportando um pouco menos que no ano passado, essa depreciação do real favorece a cadeia produtora”, afirma.

Além das questões de mercado, a situação dos países concorrentes em 2020, por conta da pandemia, também chama a atenção do analista e colabora para que os preços do café brasileiro continuem mais atrativos. Na produção da América Central, a colheita está mais lenta e os produtores enfrentam problemas na mão de obra, consequência da Covid-19, e que vem impactando diretamente na produção local.

Em Honduras, Guilherme destaca que já era esperado uma quebra de pelo menos 10% na produção deste ano, por conta do clima de 2019 não ter sido favorável para a produção e pelos preços baixos que os produtores enfrentaram também no ano passado, havendo uma diminuição de investimento nas lavouras, o que afeta mais uma vez a produção.

Já na Colômbia, o Rabobank ainda trabalha em um cenário de estabilidade de produção, com cerca de 13,9 milhões de sacas. “A gente acredita que eles sofreram mais com problemas logísticos nesse primeiro semestre. Em janeiro, fevereiro, março e abril houve uma queda nas exportações, mas a gente já está esperando que haja uma recuperação da Colômbia até o final do ano”, comenta o analista.

Mesmo com a possível recuperação, Guilherme destaca que no segundo semestre é esperado que o Brasil continue sendo competitivo, principalmente porque o País ganha cada vez mais espaço em novos mercados. 

As previsões do Rabobank para o terceiro trimestre são de altos e baixos para os preços do café. Guilherme aponta que a volatilidade do grão deve continuar. “Somente no quarto trimestre a gente pode começar a pensar em um cenário um pouco diferente, dependendo bastante da demanda e do Brasil que colhe menos no próximo ciclo”, diz.

Diante da pandemia, o Rabobank trabalha com o recuo de 0,5% (um milhão de sacas) para o ano de 2020. Os dados do banco indicam que até janeiro o consumo era mantido sem maiores problemas, mas a pandemia mudou o cenário. “A gente considera positivo em vista de tudo o que a gente enfrentou. O consumo de café foi bem resiliente diante do cenário”, destaca. Além disso, a flexibilização de importantes consumidores, como Europa e Japão, indica a retomada do consumo no ciclo 2020/2021.

As informações são do Notícias Agrícolas.

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