Se você gosta de café já deve ter ouvido falar ou visto em algumas embalagens o termo “100% Arábica”.

Mas você sabe o que isso significa?

O que é um café arábica?

E o café conilon, também chamado de robusta?

Espécies do café

Café é o nome da semente do cafeeiro que pertence à família botânica das Rubiáceas, cujo gênero é denominado Coffea.

Entre as muitas espécies desse gênero, destacam-se três:

  1. Coffea arabica – suas variedades mais comuns são a Typica e o Bourbon, que originaram outras cultivares como a Caturra (Brasil e Colômbia), Mundo novo (Brasil), Tico (América Central), San ramon (américa central), Blue mountain (Jamaica) e Sumatra (Indonésia). Dessas ainda originaram-se outras como a Catuaí, híbrido do Mundo novo e do Caturra.
  2. Coffea canephora – sua variedade mais comum é a Robusta, sendo cultivada na África ocidental e central, no sudoeste da Ásia e em algumas regiões do Brasil, onde é conhecida como Conilon.
  3. Coffea liberica – sua variedade é chamada de Dewevrei, conhecida como Excelsa e é nativa da África, não sendo muito demandada.

Economicamente, as duas espécies mais cultivadas são a Coffea arabica (representando cerca de 60% da produção mundial) e a Coffea canephora. A primeira possui frutos ovais que amadurecem entre 7 e 9 meses, e a segunda possui frutos arredondados que levam até 11 meses para amadurecer.

Os frutos ocorrem ao longo dos ramos do cafeeiro e cada fruto é formado pela casca externa, cuja coloração é vermelha ou amarela (dependendo da cultivar) quando está maduro. Abaixo da casca há uma polpa (mesocarpo) e seguida dessa uma camada gelatinosa (mucilagem), que fica em contato com a cobertura chamada de pergaminho (endocarpo), que envolve os grãos (duas sementes).

Detalhe do fruto do café

Café Arábica X Café Conilon

Na última década, pelo menos, o café começou a mudar a cara do setor por meio da valorização de grãos especiais que dão origem a uma bebida mais saborosa.

Nesse mercado vigoroso também foram reforçados muitos rótulos – “o grão arábica é o nobre da família”, “o conilon (robusta) é o primo pobre” – e há quem não saiba as diferenças entre um e outro.

“Mas todos os dois têm o seu valor”

explica Armando Androciolli, engenheiro agrônomo do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar).

Para mostrar a relevância de cada um no mercado, o pesquisador esclarece a importância e a diferença entre eles; que têm em comum a mesma família (Rubiáceas) composta por mais de 60 espécies, das quais duas são cultivadas e comercializadas:

Café Arábica (Coffea arabica)

Proveniente das montanhas da Etiópia, é a espécie que dá origem aos chamados cafés finos por meio de suas muitas variedades (mundo novo, catuaí amarelo e vermelho, bourbon etc). A bebida feita a partir delas é considerada nobre por sua complexidade de aroma e sabor (doçura e acidez). Os cafés “gourmet” só podem ser extraídos por meio dessas colheitas.

O arábica representa 3/4 da produção mundial de café, concentrada entre Américas do Sul e Central. No Brasil, sua maior colheita está em Minas Gerais (principal produtor do país) e a safra nacional (2018/2019) é estimada em 36,9 milhões de sacas, conforme a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O preço pago ao produtor (saca de 60 quilos) é maior em relação ao conillon.

Café Robusta (Coffea canephora)

Originário do Congo e da Guiné, responde por 1/4 da produção mundial concentrada na África, Ásia e América do Sul. As variedades mais conhecidas são o robusta e o conilon, como é chamado no Brasil. No país, as lavouras estão basicamente no Espírito Santo e a última safra nacional está estimada em 13,9 milhões de sacas, segundo a Conab.

Mais amargo, o grão não rende uma bebida fina como o arábica. Porém, ele é valorizado para a composição de blends e pela indústria de café instantâneo – possui mais substâncias solúveis (açúcares e cafeína), com grande aceitação nos mercados americano e europeu. A espécie também é mais produtiva (floresce várias vezes ao ano) em comparação à arábica e resistente a doenças.

Publicado por Grão Gourmet