Representantes de 25 países produtores de café na África se reuniram em Uganda para um debate sobre como proteger a parte justa do continente na cadeia de valor global. A reunião, batizada de 2ª Cúpula do Café dos Chefes de Estado da África do G-25, foi convocada sob o tema “Transformando o setor cafeeiro africano por meio da agregação de valor”.

A primeira pauta ocorreu no ano passado em Nairóbi, no Quênia, com os participantes reavaliando o desempenho geral do setor cafeeiro na África. Nos últimos quatro dias, os funcionários falaram sobre o que chamam de mercado internacional de café desfavorável, onde a maior parte do café africano é exportado com pouca agregação de valor.

Gerald Katabazi, proprietário de uma torrefação de café na capital de Uganda, está determinado a aumentar o consumo de café, em um país que exporta a maior parte do grão para o mercado internacional. Ao iniciar uma torrefação, Katabazi está entre os muitos jovens africanos que tentam agregar valor a uma das culturas comerciais mais antigas do continente para aumentar a renda familiar.

“Sou apaixonado por café porque sei o impacto que tem. Ele me fez quem eu sou hoje e me educou. Estou analisando como isso pode impactar outras pessoas. O café está criando uma série de empregos para os jovens hoje e é uma cultura comercial importante, que é exportada e, em troca, temos receitas que são usadas para o desenvolvimento de infraestrutura”, disse. 

Enquanto os jovens se esforçam para promover o consumo de café entre a crescente classe média da África, os governos de vários países estudam políticas para apoiar a indústria. Segundo a Organização Interafricana do Café (IACO), um dos organizadores do encontro, o café é fundamental para as economias africanas e é uma fonte de subsistência para pelo menos 60 milhões de pessoas em todo o continente.

Somente na Uganda, a cadeia de valor do grão apoia mais de cinco milhões de famílias que se envolvem em várias atividades cafeeiras, desde a produção até a exportação, de acordo com o Ministério da Agricultura, Indústria Animal e Pesca de Uganda.

A IACO, criada em 1960 para atender aos interesses da indústria cafeeira africana, disse que os países produtores de café na África podem aproveitar as oportunidades de agregação de valor e aumentar a contribuição da África para o comércio global de café, que tem um valor estimado de US$ 466 bilhões. A produção de café do continente representa 12% da produção mundial total do grão. 

Emmanuel Iyamulemye, diretor-gerente da Autoridade de Desenvolvimento do Café da Uganda, disse que muitas questões críticas serão discutidas para impulsionar o desenvolvimento da indústria cafeeira na África. “Quando você agrega valor, aumentamos a receita em seis vezes”, destacou. Ele acrescentou que a Uganda se juntará a outros países africanos no lobby da União Africana para tornar o café uma cultura prioritária. 

Ezra Suruma, ex-ministro das finanças da Uganda, disse que, se os países africanos se unirem, aumentarão seu poder de negociação coletiva no mercado internacional de café. “Nos últimos anos, tem-se procurado fortalecer a cooperação destes países africanos, para que tenham uma só voz no mercado internacional porque individualmente são insignificantes e não podem influenciar o mercado”, finalizou.

As informações são do The Citizen / Tradução Juliana Santin 

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