Observações de campo, feitas no período da colheita de café da safra 2021, mostram uma maior quantidade, anormal, de frutos chochos e de grãos do formato moca em certas áreas.

A problemática de frutos chochos e de grãos moca está ligada a três grupos de fatores: da genética das plantas de café; do trato, especialmente da nutrição; e do ambiente, principalmente do suprimento de água e da temperatura.

Na genética dos cafeeiros, a seleção e liberação de cultivares pelas pesquisas de melhoramento admitem como normal a existência de até 5% de frutos chochos. Quanto aos grãos moca, considera-se normal, nos cafeeiros arábica, até 10%, no máximo 15%.

No aspecto ambiental, no clima, a falta de água e as altas temperaturas, como verificadas nesse ano agrícola, são determinantes das anormalidades na formação dos frutos. Assim, perdas provocadas por problemas na frutificação nessa safra vão variar regionalmente e mesmo entre lavouras na mesma propriedade. Regiões mais secas e quentes e lavouras mais novas representam maiores perdas, as quais serão sentidas no rendimento do beneficiamento, de café coco para o café em grãos.

A falta de água no período de 80 a 100 dias pós florada do cafeeiro é bem conhecida como fator crítico no enchimento/granação dos frutos, podendo dar origem a frutos completamente chochos, ou com apenas uma das lojas vazia, e, ainda, grãos mal formados, de menor peso. Em teste realizado na Fazenda Experimental de Varginha (MG), verificou-se o nível de 20% de frutos chochos. Em teste realizado na Fazenda Experimental em Franca (SP), verificou-se até 34% de frutos chochos.

Quanto à formação de grãos mocas é devido à ausência de fecundação em uma das duas lojas existentes no ovário das flores. Não se conhece, perfeitamente, as causas dessa não fecundação, porém tudo indica que ela é devida, principalmente, às altas temperaturas, vez que regiões cafeeiras de menores altitudes sempre apresentam maiores porcentagem de grãos moca. Déficit hídrico, pela falta de água nos tecidos, também influi nessa temperatura.

Sobre o prejuízo com o aumento de grãos moca, em avaliação efetuada com grãos beneficiados, verificou-se que o diferencial de peso desses grãos em relação aos do tipo chato varia conforme a peneira, mas pode-se considerar, na média, que os grãos moca, por serem mais densos, pesam cerca de 10% a mais do que os chatos. Ressalta-se, entretanto, que um grão moca ocupa, no fruto, o lugar onde existiram dois grãos chatos. Deste modo, a cada fruto com grão moca, a perda de peso de grãos vai ser de 45% em peso.

Em dois talhões de mundo novo colhidos nesta safra na Fazenda Experimental de Varginha, verificou-se uma média de 22% de grãos moca, o dobro do normal. Na Fazenda Experimental de Franca, na média de quatro áreas, duas de mundo novo e duas de catuaí, o índice de grãos moca foi de 37%, como se observa, em nível muito alto.


Teste em balde com água na Fazenda Experimental de Varginha para determinação da percentagem de frutos boias, onde foi verificada a presença de 20% de frutos chochos ou mal granados que boiaram (esq.), e verificação, por corte, do interior desses frutos que boiaram, verificando-se chochos e mal granados (dir.)


Grande quantidade de frutos cereja e verdes passando no lavador junto com os boias, indicando que estão chochos (esq.). Os dois tipos de grãos, chatos e moca (dir.)

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