Dados divulgados na última semana pela ICE Futures registram queda nos estoques certificados de café. Nova York conta com 1.234 milhões de sacas, enquanto Londres mantém os estoques com 10.908 milhões de sacas. Os números chamam atenção por se tratar dos mais baixos dos últimos 20 anos.

De acordo com análise feita por Haroldo Bonfá, analista de mercado da Pharos Consultoria, os números podem sinalizar um indicativo de consumo dentro da normalidade, além de uma mudança na compra.

A análise indica que principalmente na Europa, onde a pandemia de Covid-19 determinou as medidas de quarentena primeiro que nos Estados Unidos, os estoques certificados foram consumidos em grande quantidade. “É mais fácil comprar um café certificado que já está em estoque do que fazer uma nova compra na Bolsa, por exemplo”, comenta.

Em março, a pandemia do Coronavírus no Brasil gerou muita incerteza quanto aos embarques do café. O País não registrou nenhuma ruptura nas entregas, mas, ainda assim, importantes polos compradores, como Europa e Estados Unidos, mostram que os cafés estocados foram consumidos no período.

O consumo de café mundial cresce cerca de 1% ao ano, mas vale lembrar que devido a Covid-19 ainda não há números exatos para 2020, mas, ao que tudo indica, os números deverão permanecer estáveis, ou seja, sem alta ou baixas significativas para o consumo de café.

Para Haroldo, o mercado pode continuar vendo os estoques caindo nos próximos dias. Além do fator pandemia, o maior volume de café arábica certificado é produzido em Honduras, país que enfrenta severas dificuldades e pode não conseguir suprir as necessidades do mercado.

A análise da Pharos indica que 78,56% do café certificado é produzido em Honduras, seguido do Peru, com 7,01%. No caso do Brasil, os valores não chegam a 1% do estoque total. Entre as dificuldades da pandemia, Haroldo destaca que Honduras vem enfrentando problemas econômico e social, com parte da população fazendo movimentação migratória para outros países. “Eles enfrentam baixos preços, baixa produtividade, muito problema com ferrugem e tudo isso pode implicar em uma quebra na produção”, comenta.

Os dados de exportação do país hondurenho já sinalizam uma baixa na produção desse ano. Segundo a Pharos, a exportação acumulada nos 12 meses ficou em 5,9 milhões de sacas, apontando, ainda, queda de 54% em comparação a agosto de 2019. “Falando no futuro, nós não temos boas perspectivas de uma melhora na exportação”, finaliza Haroldo.

Para os próximos dias, o mercado deve digerir as informações de estoques mais baixos e novas altas podem ser registradas em Nova York. No Brasil, o setor cafeeiro nacional está com as atenções voltadas para o recebimento de café nos armazéns e a colheita da safra 2020 está na reta final, com 92% da área colhida, segundo dados da Cooxupé. Vale lembrar que o Brasil passou por um período de entressafra com os estoques mais baixos da história. A tendência é que as exportações ganhem fôlego no segundo semestre.

Também no segundo semestre, o mercado poderá notar um aumento de consumo da bebida no hemisfério norte, com a chegada do inverno, sobretudo nos Estados Unidos, maior consumidor do café brasileiro. Segundo dados do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), só em agosto, os Estados Unidos foram responsáveis por 18% das exportações brasileiras, o equivalente a 4,3 milhões de sacas de café.

As informações são do Notícias Agrícolas.

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