“Esta não é uma cafeteria”, diz a placa escrita na parede do balcão, onde os cafés são preparados no Café Magrí, em Belo Horizonte, uma cidade brasileira que possui uma profunda tradição no café – Minas Gerais, onde a cidade está localizada um dos maiores estados produtores de arábica do país.
A mensagem na parede não é arbitrária. O Café Magrí nomeou este nome em homenagem ao artista surrealista René Magritte, conhecido por sua justaposição de signos textuais e visuais. Os donos do café – um casal composto por um barista e um chef – decidiram abrir as portas desse local para questionar seu próprio modelo de negócios, que estão em funcionamento desde fevereiro: é mais um café ou mais um restaurante?
Marília Balzani e Rafael Brito encontraram uma lacuna na cena gastronômica de Belo Horizonte quando pensavam em como seria seu negócio. "Quando há um ótimo café, a comida nunca é boa o suficiente e vice-versa", diz Balzani. “Sempre foi uma tarefa difícil encontrar um lugar com boa comida e também um ótimo café, então decidimos abrir um negócio que pudesse ter o melhor dos dois mundos.”
Balzani e Brito. Foto de Ton Nettos.
O casal juntou suas habilidades para criar um novo conceito – na verdade, um ausente – na cidade. Da união de suas especialidades, Magrí nasceu como uma mistura de café e café, como ela explica, servindo de uma variedade de métodos de café (como V60, AeroPress e muitos outros) e uma ampla diversidade de alimentos. Balzani costumava trabalhar em fazendas de café e também em algumas cafeterias da cidade, enquanto Brito fazia parte da equipe de cozinha de alguns dos melhores restaurantes da capital mineira.
Em sua pequena cozinha, Brito prepara alguns pratos que fogem dos salgadinhos normalmente servidos nos cafés. Mais do que pão de queijo ou pedaços de bolo, ele criou sanduíches, saladas e outros pratos com uma abordagem de chef para que o cliente possa "ir além em suas escolhas", como ele diz. Além do brunch nos fins de semana, o Magrí oferece opções mais leves de almoço, além de mordidas que podem ser consumidas durante todo o dia.

Foto de Juliana Felix
O casal levou um ano para abrir o Magrí: durante esse tempo, Brito dedicou-se a criar e testar receitas, enquanto Balzani saía em busca do café. Com base em seu passado, ela concentrou-se na região de Mata de Minas, a casa dos cafés pelos quais ela se apaixonou quando participou do Campeonato Brasileiro de AeroPress no ano passado e visitou fazendas e produtores. Em parceria com uma torrefadora local, a Roast supervisiona todo o processo de torrefação para garantir que o melhor café chegue à Magrí.
“No começo, eu mesma pensara em fazer a torrefação, mas não achava que poderia dedicar tanto tempo a ela com a abertura – e também não teríamos espaço para uma máquina de torrefação. Por isso, fiz uma parceria com a Roast e eles são ótimos parceiros, pois permitem que eu acompanhe todo o processo de torrefação, ajudando a criar perfis de assados ​​etc. ", explica ela.

Além da conveniência de comprar café da Mata de Minas, a Balzani foi atraída pela diversidade de perfis de sabor provenientes da região, permitindo que eles oferecessem variedade à sua clientela. “Estamos servindo feijão de quatro produtores completamente diferentes, que vão desde aqueles com maior acidez até os mais balanceados”, explica ela.
Além disso, Magrí está perto o suficiente de suas fazendas de origem que ocasionalmente os produtores visitam a cafeteria.
"Eles estão próximos, então tem sido uma grande troca quando eles vêm. Nosso objetivo não é apenas trabalhar de perto com nossos clientes, mas também com nossos produtores. Tudo o que servimos aqui é caseiro ou comprado de pequenos produtores locais ”, ressalta Balzani. “Assim, podemos transformar um pouco o que está ao nosso redor, nosso meio ambiente”, conclui. Uma cafeteria nunca é apenas uma cafeteria, como Magritte diria.

Rafael Tonon é jornalista freelancer no Brasil. Leia mais Rafael Tonon no Sprudge.
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