A mecanização dos tratos nas lavouras de café é básica para a redução de custos de produção e para uma maior competitividade na cafeicultura. Porém, sua viabilidade pressupõe o cultivo em terrenos com topografia plano-ondulada, onde o maquinário pode transitar.

Ocorre que no país existe uma área de mais de 700 mil hectares de cafezais em terrenos montanhosos, onde os tratos precisam ser realizados, em sua maioria, de forma manual, onerando os custos. Uma das alternativas em desenvolvimento consiste em adaptar o terreno, através da abertura de terraços, que servirão como caminhos planos, nas ruas do cafezal, nesses terrenos acidentados, assim viabilizando a mecanização.

O objetivo deste trabalho foi demonstrar adaptações realizadas nas três fazendas do grupo Fazenda Sertãozinho, para viabilizar a mecanização de cafezais em áreas declivosas. O estudo foi realizado em três propriedades – Fazendas Laranjal, Rainha e Sertãozinho, nos municípios de Poços de Caldas e Botelhos, no Sul de Minas, e em área vizinha no município de Santo Antônio da Grama (SP). O trabalho vem sendo realizado desde 2014, já adaptando 250 ha de lavouras, onde se tem buscado o aperfeiçoamento de técnicas usadas no terraceamento e na adequação dos equipamentos para mecanizar os cafezais.

Com base no desenvolvimento nos últimos cinco anos, verificou-se que é possível construir os terraços com três tipos de equipamentos, sendo o trator de esteira marca Komatsu modelo D21A e a mini-retroescavadeira Yanmar (SV8 ou ViO 12), estes dois em locais mais acidentados, e um Trator Yanmar 1155 SE ou semelhante, com lâmina traseira acoplada, este em locais menos declivosos. O terraceamento tem sido feito em áreas de lavouras já instaladas e em áreas de substituição das lavouras velhas, com o trabalho de sistematização do terreno, com a abertura de terraços, realizado antes do novo plantio.

O custo obtido no terraceamento varia com a declividade e com a presença de obstáculos, como pedras, verificando-se gastos médios na faixa de 2500,00 a 3500,00 por hectare, existindo algumas poucas áreas mais difíceis com custo de até R$ 4500,00 por hectare. Em áreas onde afloram pedras, após a abertura dos terraços, muitas vezes necessita-se realizar sua retirada.

Na execução dos tratos nas lavouras terraceadas opera-se normalmente, utilizando trator cafeeiro comum, estreito, já tendo sido realizadas, corriqueiramente, as operações de capina mecânica, com carpideira, capina química, com aplicador de herbicida, roçada do mato e pulverização, estando em curso a adaptação para a colheita com máquina colheitadeira adaptada para terraços.

A otimização de cada operação é muito grande com a mecanização facilitada pelo terraceamento (tabela 1). O rendimento equivale a cerca de 10% em relação a capina manual e 6,25% para a roçada. Para a pulverização foliar, com tanque de 400 litros, o rendimento da operação mecanizada sobre os terraços é seis vezes maior.

Conclui-se que: as adaptações no terreno e nas operações se torna economicamente viável, uma vez que investimentos iniciais serão amortizados pelo longo tempo de duração da lavoura. O terraceamento possibilita maior facilidade na mecanização dos tratos anuais, melhora a infiltração de água no solo, diminui a erosão e é prática ambientalmente correta. Juntamente com um menor gasto operacional por área, resulta numa alternativa muito adequada para manter a cafeicultura de montanha de forma sustentável.

Tabela 1: comparativo de operações realizadas no trato de cafezais novos, com 2 anos de idade, em áreas terraceadas nas Fazendas Sertãozinho, no agrícola 2018/2019. Rendimento em horas por hectare.


Áreas terraceadas antes no plantio e depois com mudas recém-plantadas entre dois terraços.

Máquinas usadas para o terraceamento – trator de esteira estreito e mini-retroescavadeira.


Operando com implementos tratorizados sobre os terraços, na capina mecanizada (esquerda) e na pulverização (direita).


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