O Brasil exportou 3,287 milhões de sacas de 60 kg de café em março de 2025 — uma retração de 24,9% em relação ao mesmo mês do ano anterior. Apesar da baixa no volume, a receita cambial saltou 41,8% no período, alcançando US$ 1,321 bilhão, segundo dados do relatório mensal Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) publicado nesta quarta (9).

Com o desempenho registrado em fevereiro, o Brasil acumula exportações de 36,885 milhões de sacas de café nos nove primeiros meses da safra 2024/25, gerando um recorde de US$ 11,095 bilhões em receita cambial para o período. Entre julho de 2023 e março de 2024, houve um crescimento de 5% no volume exportado e um avanço expressivo de 58,2% na receita em comparação com o mesmo intervalo anterior.

Mesmo com queda de 11,3% no volume embarcado, o Brasil exportou 10,7 milhões de sacas de café no primeiro trimestre de 2025 e registrou alta de 54,3% na receita cambial, que chegou a US$ 3,88 bilhões.

O resultado, de acordo com o relatório, reflete uma conjuntura favorável no mercado internacional, com preços elevados diante da oferta global mais restrita. “É compreensível a redução no volume de embarques após sairmos de um ano recorde e de três safras abaixo do potencial. Persistem também os gargalos logísticos nos portos, que impactam os custos e o ritmo das remessas”, afirma Márcio Ferreira, presidente do Cecafé.

As cotações altas, porém, podem perder força nos próximos meses. Segundo Ferreira, o mercado já dá sinais de incerteza com a retomada de medidas protecionistas e o agravamento de tensões comerciais. “O tarifaço anunciado pelo presidente Donald Trump tem pressionado as economias globais e impactado inclusive o mercado de café, que vinha em alta sustentada”, diz.

Cafés diferenciados avançam

O café arábica respondeu por 84,2% das exportações no trimestre, com 9 milhões de sacas enviadas ao exterior — leve recuo de 2,7%. Já o café solúvel cresceu 7,9%, alcançando quase 978 mil sacas e 9,1% de participação no total exportado. Cafés canéforas (conilon e robusta) caíram 62,8% no período, somando 703 mil sacas.

O destaque ficou por conta dos cafés diferenciados — aqueles com certificações de sustentabilidade ou atributos superiores de qualidade —, que cresceram 31% em volume (totalizando 2,83 milhões de sacas) e dispararam 134,3% em receita cambial, atingindo US$ 1,17 bilhão (o preço médio por saca foi de US$ 415,09).

Bélgica diminuiu importações em mais de 60%

Os Estados Unidos mantiveram a liderança entre os compradores, com 1,8 milhão de sacas importadas no trimestre. Em seguida vêm Alemanha (1,4 milhão), Itália (800 mil), Japão (675 mil) e Bélgica (500 mil). Destaca-se a queda brusca de 60,9% nas compras belgas, enquanto o Japão aumentou sua demanda em 10,1%.

Entre os cafés diferenciados, os EUA também foram o principal destino, com 524 mil sacas adquiridas — 18,6% do total desse segmento. Alemanha, Bélgica, Holanda e Japão completam o ranking.s

O Porto de Santos seguiu como principal rota de saída do café brasileiro, com 8,4 milhões de sacas (78,5% do total). O complexo portuário do Rio de Janeiro embarcou 1,8 milhão (17,2%), e Paranaguá (PR), pouco mais de 118 mil sacas (1,1%).



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