A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima que a safra 2020/2021 deve variar entre 57,15 e 62,02 milhões de sacas, um aumento de 25,8% em comparação ao volume do ano passado. Em tempos de pandemia pelo novo coronavírus (covid-19), o cafeicultor precisa redobrar os cuidados para proteger a vida de seus colaboradores.

A Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo produziu um manual de orientação e boas práticas contra o covid-19, com direcionamentos que podem ser adotados nas comunidades rurais, nas propriedades e no dia a dia da produção. Sendo a colheita do café uma atividade essencial, o produtor, de acordo com o manual, deve afastar os funcionários que apresentem sintomas, como febre, tosse ou dificuldade para respirar, e evitar ao máximo a presença de pessoas acima de 60 anos nos locais de trabalho.

O trabalhador deve manter as mãos limpas, as unhas cortadas e não fumar e beber durante a atividade de colheita. Além disso, deve-se evitar compartilhar ferramentas de trabalho, como pás, enxadas, rastelos e peneiras, assim como garrafas de água e de café, e lavar com desinfetante todos os utensílios e equipamentos com solução clorada (900 ml de água para 100 ml de água sanitária) e higienizar com álcool 70% as partes de contato direto com as mãos nas ferramentas de trabalho, antes do início e ao final da atividade. A recomendação é que ocorra o mais breve possível o recolhimento dos sacos com os frutos colhidos, que devem ser mantidos abertos na parte sombreada da planta.

No transporte dos trabalhadores, também deve-se retirar toda a sujeira e borrifar antes e depois das viagens solução de água com 1% de água sanitária ou peróxido de hidrogênio, além de disponibilizar álcool 70% para limpeza das mãos dos trabalhadores, manter as janelas dos veículos abertas e a distância de 1,5 metro entre os passageiros.

O pesquisador do Instituto Agronômico (IAC-APTA), Gerson Silva Giomo, explica que a colheita do café ocorre, normalmente, de maio a agosto, sendo que em algumas regiões paulistas, como na Alta Mogiana, há uma forte utilização de máquinas e, em outras, como na região de São Sebastião da Grama e Divinolândia, a utilização é menos frequente, devido as condições de topografia, que dificultam o uso de colheitadeiras. “O Estado de São Paulo tem migrado nos últimos anos para uma colheita mecânica do café, com aumento expressivo do uso de colheitadeiras em todas as regiões com topografia favorável à mecanização. Isso é bastante interessante, principalmente neste momento, para os produtores de algumas regiões paulistas, que acabam não sendo tão afetados por conta da pandemia”, afirma.

O pesquisador do Instituto de Economia Agrícola (IEA-APTA), Celso Vegro, afirma não haver estatísticas sobre a mecanização do café em todos os estados brasileiros. “Mas arrisco em dizer que as lavouras submetidas a colheita mecânica atingem percentual majoritário em São Paulo, sendo que no cerrado e na região da Mogiana, esse índice deve estar em praticamente 100% das propriedades”, analisa.

Giomo explica que no mês de maio nem todos os grãos de café estão prontos para serem colhidos, por isso, não deverá haver maiores problemas, do ponto de vista da maturação dos grãos, o atraso da colheita em algumas semanas, caso esta seja a estratégia adotada pelo cafeicultor. “O atraso curto pode ser até positivo em determinadas regiões, pois os grãos estarão em melhor grau de maturação e, consequentemente, terão mais qualidade. Ocorre que a colheita é demorada, por isso, ainda mais com a restrição de aglomeração, deve ser uma estratégia bastante pensada pelo produtor, para que o café não passe do ponto lá no final, caindo no chão, o que reduz o preço do produto”, explica.

Segundo o pesquisador, em abril começa a preparação do cafezal para a colheita e as recomendações de higiene e segurança devem ser respeitadas. “A partir de abril, o produtor que faz a colheita manual já começa o processo de ‘arruação’ do cafezal, retirando o mato da lavoura, para que no momento da colheita não haja perda de café que caiu no chão. Essas atividades também contam com a mão de obra de trabalhadores, que devem seguir as recomendações da propriedade para evitar a contaminação e disseminação do covid-19”, afirma Giomo.

As informações são do Notícias Agrícolas.

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