Algumas tecnologias indicadas para uso nas lavouras cafeeiras têm resultado, na prática, em questões que ainda precisam de respostas mais bem definidas, baseadas em pesquisas e outras formas de conhecimento, e, a partir delas, possam ter uma difusão adequada que represente segurança na sua aplicação pelos produtores.

Uma tecnologia é definida como sendo um conhecimento aplicado. No caso da agricultura e, especificamente, na lavoura de café, o conhecimento surge de várias formas. É obtido através de trabalhos de pesquisa/experimentação e pode ter origem, também, da experiência dos técnicos e consultores, da prática dos produtores e do desenvolvimento de produtos e equipamentos pelas empresas-indústrias especializadas.

As atividades de pesquisa/desenvolvimento e difusão de tecnologias cafeeiras vêm sendo realizadas, atualmente, por técnicos de diferentes instituições ou empresas. Se por um lado existem aspectos positivos, abrindo o leque para mais inovações, por outro falta uma boa coordenação na avaliação dos resultados e sua divulgação. Desta forma, muitas recomendações vêm sendo pouco discutidas e, muitas vezes, representam apenas a opinião de um determinado técnico, não a de um grupo ou equipe, como seria o ideal. Assim, tem sido comum, no campo, o surgimento de dúvidas nas equipes de AT e nos próprios cafeicultores quanto à transferência ou adoção dessas tecnologias de forma segura.

Alguns exemplos dessas questões tecnológicas que precisam ser melhor definidas são: o uso de altas doses, de gesso e de adubos fosfatados; o uso de zinco via solo; as pulverizações nutricionais de pré e pós florada, especialmente com macro-nutrientes; a indicação de hormônios e outros produtos bio-estimulantes; o uso separado de adubos fosfatados e de calcário no sulco de plantio; a indicação de adubos contendo NPK solúvel em um único parcelamento etc.

O processo normal de geração e difusão de tecnologias envolve diferentes fases, como mostrado de forma simples na figura 1. Ele tem início com a pesquisa/desenvolvimento, segue com a validação, depois vem a transferência e chega à adoção. Todas essas fases são importantes e, no conjunto, significam que toda indicação deve ser precedida de efetiva comprovação.

Merece destaque, ainda, a preponderância de indicações oriundas de empresas comerciais, no uso de determinadas tecnologias, muitas vezes em detrimento de resultados surgidos da pesquisa. Essas indicações são fomentadas por um bom sistema de marketing e de apoio nas vendas. As cooperativas, cuja função é dar suporte a seus cooperados, podem ter um papel importante no uso correto, difundindo somente insumos que tenham adequada comprovação técnica.


Figura 1 – Esquema simples das fases do processo de geração e difusão de tecnologias


O uso de gesso em altas doses é uma das tecnologias que vem sendo difundidas, apesar de contraindicações pela pesquisa

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