Na última quinta-feira (2), o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) realizou uma transmissão ao vivo em suas redes sociais para discutir as expectativas gerais para a nova safra 2020/2021.

Em relação a comercialização, o presidente da Federação dos Cafeicultores do Cerrado, Francisco Sergio de Assis, aponta que no Cerrado a maioria dos produtores estão preocupados com a colheita e com a entrega das vendas futuras. “A gente estima que 45% da safra atual já tenha sido vendida. Aqui, uma parte dos nossos produtores contam com auxílio do Educampo e sabem o custo dos grãos e sabe como fazer a venda antecipada”, comenta.

Francisco reforça a importância do Funcafé que visa proteger toda a cadeia: “conseguimos a antecipação dos custeios e ajuda para a colheita o que facilita o fluxo de venda da safra, assim o produtor não precisa correr para o mercado assim que finalizar a colheita”.

Segundo ele, o preço do café caiu e a vantagem foi o aumento do dólar, mas estima que no pós-pandemia as coisas devam voltar ao normal. “É necessário ficar atento ao dólar que tem ajudado o produtor. Após as floradas, as vendas devem entrar em ritmos normais, até setembro, nós do Cerrado estaremos preocupados em honrar as entregas dos grãos”, finaliza.

Marcio Candido Ferreira, presidente do Centro de Comércio de Café de Vitória (CCCV), retratou sua visão dos cafés no Espírito Santo e reforça a melhoria dos grãos ao longo dos anos. “Antigamente o café arábica do estado era conhecido como rio e hoje produz aproximadamente 700 mil sacas de cereja descascado e tem sido campeão de muitos concursos de qualidade”, explica.

Para ele, a região iniciou a colheita em maio e junho, e os produtores de canéfora (conilon) já comercializaram de 23% a 25%. No caso da Bahia, Marcio aponta que 35% já foi comercializado. “Com a alta do dólar, os produtores puderam comercializar seu café conilon por R$ 340 e o cereja descascado chegou a R$ 700 esse ano. Atualmente caiu para R$ 570, mas ainda é um bom preço”, afirma.

Marcio diz ter boas perspectivas para essa safra: “no geral temos uma demanda constante, lembrando que numa pandemia, com a economia mundial afetada, é possível que os cafés mais competitivos, aqueles que podem compor blends, serão beneficiados, já que o valor é menor e o consumidor que teve seu poder aquisitivo afetado irá optar por esses grãos, o que é bem positivo para o conilon”.

O produtor e consultor de cafés especiais, Sérgio Cotrim D’Alessandro, afirmou que nas Matas de Minas a comercialização futura ainda é pouca, algo que vem evoluindo com os produtores com mais tecnologia. “Estimamos que os produtores já comercializaram de 15 a 20% da sua safra. Saímos de uma safra péssima no ano passado e os produtores passaram a vender agressivamente no mercado, para garantir caixa e suprir suas necessidades”, explica Sérgio.

Outra informação que ele passou é em relação às lavouras que estão debilitadas: “as lavouras estão bem degradadas, houve muita desfolha. Acredito em um alto índice de renovação, cerca de 20 a 25% de poda, e alguns produtores estão com ferrugem tardia, o que deve influenciar na safra 2021/2022”, finalizou.

Para encerrar o bloco sobre a colheita e comercializações futuras, o presidente do Cecafé, Nelson Carvalhaes, afirmou que o cenário passou por uma crise global, já que hotéis e cafeterias tiveram que ser fechados. “O agronegócio caminha bem. Evidente que temos um cenário de incerteza econômica futura, mas fomos pegos com essa crise. Os preços estão favoráveis, as exportações vão bem e o consumo interno também, o que é bom para o nosso mercado”, finalizou Nelson.

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