De acordo com o terceiro levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgado na última terça-feira (21), produção de café em Minas Gerais deve ser a menor dos últimos 10 anos. Para a Emater-MG, o momento é delicado, já que as lavouras sofreram muito com os efeitos da seca e da geada.

Na região Sul e Centro-Oeste de Minas, a estimativa é de pouco mais de 11 milhões de sacas, o que corresponde a uma colheita 42,3% menor do que a temporada 2020. Segundo os dados levantados, a produção total estimada no estado é de 21,4 milhões de sacas de café beneficiado, uma redução de 38,1% em comparação ao volume colhido na safra anterior.

De forma geral, a expectativa, segundo o relatório, é que o Brasil produza um volume total de cerca de 46,9 milhões de sacas de café, o que corresponde a um resultado 25,7% menor quando comparado à safra passada.

O terceiro levantamento da Conab foi realizado entre agosto e setembro deste ano e, segundo a Companhia, 95% das áreas plantadas já estavam colhidas, o que aponta uma grande redução na produção mineira quando comparada à safra anterior, que bateu o recorde de 34,6 milhões de sacas.

Segundo o levantamento, as menores estimativas para esta safra se devem aos efeitos fisiológicos da bienalidade negativa, que afeta principalmente o café arábica. Além disso, fatores climáticos também influenciaram, como a chuva irregular em 2020, a seca que permanece em 2021 e as geadas que ocorreram em julho, esta última com menor interferência nesta safra. O relatório aponta que a seca acabou gerando grãos menores, chochos, além de certo grau de abortamento pós-florada. Com o longo período de escassez de chuva, o enchimento e a maturação dos grãos em algumas lavouras também foram limitados.

Ainda de acordo com o levantamento, o ciclo bienal é uma característica do setor cafeeiro e consiste na alternância de um ano com grande florada seguido por outro com florada menos intensa. O documento diz ainda que essa característica natural permite que a planta se recupere para produzir melhor na safra subsequente. Contudo, uma adversidade climática pode alterar o ciclo bienal.

As adversidades climáticas e o futuro das lavouras preocupam os produtores e aqueles que estão diretamente ligados ao trabalho de campo. “A safra de café é definida no ano anterior, então, nesse momento, o produtor tem que começar a se preocupar em melhorar a condição dessas lavouras, melhorar o armazenamento de água no solo, melhorar matéria orgânica e pensar em correções do sistema radicular cafeeiro para sofrer menos com esses problemas climáticos,” afirmou Kleso Silva Franco Júnior, coordenador técnico regional da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG) em Alfenas.

Conforme o relatório da Conab, a área em produção de café também apresentou queda em relação à safra de 2020. Atualmente, a área está estimada em 1,8 milhão de hectares, 4,4% menor que a safra anterior. A região sul e centro-oeste de Minas também apresentou variação. Em 2020, a área em produção era de pouco mais de 538 mil hectares e, em 2021, essa área é de cerca de 483 mil hectares, o que significa uma queda de 10,3%.

As informações são do G1 Sul de Minas (por Tatiana Espósito).

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