A crise na cafeicultura, até o momento vivenciada pelo setor produtivo e industrial, também vai chegar ao bolso do consumidor final. Com a seca prolongada e as geadas do mês de julho, o aumento nas gôndolas dos supermercados será inevitável nas próximas semanas, de acordo com dados divulgados pela Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC).

Segundo Celírio Inácio, diretor executivo da ABIC, o aumento nos custos dos insumos, volume da safra, condições climáticas e a continuidade da pandemia de Covid-19 devem provocar um aumento de 35% a 40% nos preços do café até o final de setembro. “O aumento é o maior registrado há pelo menos 25 anos no País”, comenta.

Assim como as demais cadeias do mercado de café, a ABIC também destaca a incerteza com a produção de 2022, que na teoria seria de ciclo alto para o Brasil, mas as condições climáticas diminuem cada vez mais as expectativas de uma safra para o café da espécie arábica. 

“A safra de 2022 ainda depende da chuva na hora da florada das plantas, que deve ocorrer daqui a dois meses. Se houver a florada no café, o mercado tende a acalmar um pouco. Mas isso depende de uma chuva e estamos em um período de seca”, acrescenta o diretor. 

Desde maio, depois do registro de dois veranicos intensos e a continuidade do baixo volume de chuva, a indústria relata certa dificuldade em adquirir matéria-prima, sobretudo pela expressiva valorização do café, principalmente no mercado interno. A preocupação do setor é justamente com o abastecimento do mercado interno, já que as exportações do Brasil seguem firmes – apesar do recuo dos embarques, de 12,8% referente ao mês de julho, divulgado nesta semana pelo Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).

Em relação ao abastecimento interno, Inácio destaca que essa não é uma preocupação no curto prazo, mas sim quando se fala na safra do ano que vem. “Esse ano, pelos contratos firmados e pelo o que temos acompanhado, tem café suficiente para atender as demandas externa e interna”, comenta.

Para o ano que vem, o diretor afirma que com certeza o mercado sentirá a pressão dos preços mais altos e do café mais disputado para exportação. “Não vejo desabastecimento no mercado interno, mas é claro que teremos essa disputa. Há sim bastante dificuldade, mas ainda há bastante café para negociação”, explica. 

Já quando o assunto é demanda, Inácio destaca que o café, apesar da pandemia, quase não teve o repasse final ao consumidor final, mas reconhece que com o poder aquisitivo mais baixo, é natural que o consumidor busque por novas marcas e faça trocas que se enquadre no seu orçamento. “A alta no preço não é favorável para ninguém. A boa notícia é que nós temos, cada vez mais, um café de qualidade no mercado”, finaliza. 

As informações são do portal Notícias Agrícolas.

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