A poda sanitária, eliminando inóculo da bactéria Pseudomonas, pode auxiliar no controle da mancha aureolada em plantas de café. 

A doença Mancha Aureolada em cafeeiros é causada pela bactéria Pseudomonas Seryngae pv garcae e ataca principalmente folhas e ramos, onde causa lesões e morte. O ataque da doença ocorre em mudas no viveiro e em plantações jovens e adultas no campo. As condições climáticas de temperaturas mais baixas e de mais umidade favorecem a doença, sendo a mesma mais grave em áreas de altitude mais elevadas. 

As formas de controle de uma doença em plantas podem ser de 3 tipos: a exclusão, a erradicação e o controle. No controle, pode-se adotar métodos químicos e os naturais, estes como a resistência das plantas e práticas auxiliares, como nutrição das plantas, podas, etc. 

O controle da Mancha Aureolada tem sido feito normalmente por tratamento químico, com uso do cobre e outros produtos. Também vem sendo desenvolvidos materiais resistentes à essa doença. No entanto, o controle químico tem tido dificuldades devido à variação imprevista das condições climáticas e as variedades resistentes são poucas e, ainda, não são as mais adequadas em termos de produtividade. 

Uma nova modalidade de controle da Mancha Aureolada, a poda sanitária, foi testada recentemente e os resultados de pesquisa e observações de campo mostram que ela pode ser viável. Ela consiste em eliminar as partes afetadas das plantas e, com isso, reduzindo o inóculo, na planta e na área. 

O principal meio de disseminação da Pseudomonas é através das gotas de água, de irrigação no viveiro ou das chuvas no campo. Também pode ocorrer disseminação pelo vento. Deste modo, com a poda sanitária, eliminando as partes doentes das plantas, elimina-se o inóculo e pode-se auxiliar muito no controle. 

Um ensaio conduzido em 2021/2022 (Matiello et alli, in – Anais do 46 CBPC, Funprocafé, 2022 p.67) mostrou que o número de ramos mortos por planta no tratamento com poda sanitária, mesmo em parcelas pequenas, de 20 plantas, caiu para 20,9 contra 44,7 na testemunha. 

Verificou-se, em campo, que a redução do inóculo é relativamente fácil em plantios novos e em cafeeiros em formação, justamente as condições onde ocorrem maiores problemas da bacteriose. Basta cortar e coletar em saco (depois eliminar) as partes doentes, folhas ou ramos. Uma experiência nesse sentido foi feita recentemente, visando levar a campo apenas mudas sem inóculo e, também, eliminando o inóculo, através do corte das partes lesionadas das plantas, em área de plantio recente. Verificou-se que o serviço pode ser feito rapidamente (figuras 1 e 2). Com isso vai ser possível reduzir o ataque, diminuindo sua evolução para o caule novo da planta e evitando o risco de provocar sua morte (figura 3). Como já mencionado, a poda sanitária pode ser acoplada a uma proteção química.

Figura 1 – Plantas de café de plantio recente onde se observa as folhas lesionadas por Pseudomonas. Sul de MG, fev/2023

Figura 2 – Na mesma área, não necessariamente as mesmas plantas, onde foram eliminadas as partes doentes e pode-se ver, na foto à direita, o material podado de um linha de 100 plantas


Figura 3 – Planta onde houve a evolução do ataque também para a parte nova da haste da muda. Isso deve ser evitado com a poda sanitária e, logicamente, complementando com proteção química 

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