Por Gabriela Kaneto

Por acaso você já se deparou com plantas anãs de café? Este é um fenômeno comum nas lavouras clonais, tanto de arábica quanto de canéfora, e que acontece no momento de preparação da muda, mais precisamente na escolha da estaca, que é o material propagativo usado para a produção do clone.


Observe a diferença de formato entre as três plantas acima, todas com a mesma idade. A do meio é uma planta anã – Foto: Tony Balbino

O engenheiro agrônomo do ATeG Senar/RO, Tony Balbino, explica que a estaca padrão utilizada para produzir um clone de café canéfora, por exemplo, deve ser sempre originária de um ramo ortotrópico jovem, que dá origem a caules e brotos. Este ramo deve conter um nó com um par de folhas, um par de hastes plagiotrópicas e, na parte de baixo, um segmento de caule de 4 a 5 cm. O ramo principal, responsável pela parte aérea da planta, surge justamente no nó, em gemas existentes entre a folha e o ramo plagiotrópico.

Já o fenômeno da planta anã pode acontecer quando, na estaca selecionada, o nó ainda não desenvolveu as duas hastes plagiotrópicas (responsáveis pelos ramos de produção), ou seja, quando esta estaca é levada para o viveiro, a gema que se desenvolve primeiro é a do ramo plagiotrópico, que acaba assumindo a dominância de ramo principal.


Haste com um ramo plagiotrópico desenvolvido e o outro não (sinalizado pela seta vermelha). Caso seja plantada assim, resultará em uma planta anã – Foto: Tony Balbino

“Outra forma de originar uma planta anã é no momento da escolha da estaca. Ao invés do viveirista selecionar uma estaca de broto ortotrópico, acaba selecionando uma estaca de haste plagiotrópica, da qual todos os ramos que surgirem sempre serão plagiotrópicos também”, explica Tony. De acordo com ele, este caso é comum quando a planta, já adulta, tem os ramos da saia muito vigorosos, podendo apresentar brotações laterais que confundem os produtores.

Quando este pé chega à fase adulta, nenhum de seus ramos consegue se desenvolver como haste principal no sentido vertical, que é o que fornece estrutura para a planta. Com isso, elas acabam tornando-se rasteiras e deformadas, se espalhando rente ao solo, o que dificulta o manejo.


Planta anã vista de cima – Foto: Tony Balbino

Por serem originárias de hastes plagitrópicas, a planta anã produz frutos como qualquer outra. A questão é que apresenta uma desuniformidade muito maior, além de o seu formato dificultar o processo de colheita.

“Essas plantas devem ser retiradas porque não geram uma estrutura e acabam sendo pouco produtivas. Sua forma dificulta os tratos culturais”, auxilia o agrônomo. Além disso, por ser muito densa, acaba sendo propicia para abrigar pragas e doenças na lavoura.

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