Foi desenvolvido e testado um protótipo de um sistema novo de irrigação em cafezais que se mostrou viável para atender a pequenos produtores. 

A prática da irrigação em cafezais vem crescendo muito em função dos problemas de déficits hídricos observados ultimamente, mesmo em regiões antes sem problemas de suprimento de água para as lavouras. Os sistemas usados podem ser de aplicação de água em área total ou localizada. A localização é adequada, pois gera economia de água e de energia. 

Os sistemas de irrigação localizada mais empregados na cafeicultura são o gotejamento e o pivô lepa, com plantio circular. Esses sistemas se aplicam melhor em áreas maiores, pois, em pequenas áreas, o custo fixo do sistema (controles, filtros, etc ) onera muito os projetos. 

Foi desenvolvido um sistema de irrigação localizada para atender a pequenas propriedades ou áreas menores de lavouras de café, a custo mais baixo. Foi projetado, construído e testado um protótipo, visando verificar sua viabilidade técnica e econômica. O trabalho foi conduzido no período 2020-2022, na Fazenda Experimental da Fundação Procafé, em Franca (SP), em lavoura de café catuaí, com 4 anos de idade, no espaçamento de 3,5 x 0,5 m. 

A idealização do sistema se baseou em um módulo para irrigar 4-6 linhas de cafeeiros por vez. Ele se constitui de uma pequena torre ou ponte, com 10-13 m de largura e 2,8 m de altura, onde vai um tubo superior, em toda sua extensão, abastecido de água por uma mangueira, que recebe água bombeada por bomba comum. Esta mangueira sobe e é acoplada ao tubo superior. Essa torre é construída com uma estrutura de canos leves, de alumínio ou de ferro, tendo 2 rodas em baixo para se deslocar ao longo e por cima das linhas de cafeeiros. Do tubo superior da torre descem canos finos até próximo ao chão, um para cada linha de cafeeiros. No terminal de cada um desses tubos, é acoplado um tubo perfurado, na forma de T invertido, com 3 m de comprimento, por onde fluem esguichos de água direcionados para a saia dos cafeeiros, junto ao solo.

Com a movimentação da torre, feita manualmente, espera-se um tempo para dar a vazão desejada e, logo, movimenta-se a torre para a posição seguinte, ainda não molhada, ao longo das linhas de cafeeiros. 

Nos testes realizados, foi bombeada uma pequena vazão, de 7 m3 por hora. Deste modo, a vazão dos quatro terminais de tubos perfurados foi de cerca de 120 litros por minuto, ou correspondente a 30 litros/minuto por cada um dos 4 terminais. Nessa condição, a cada minuto cobria-se 12 metros de linha de cafeeiros. Na lavoura com espaçamento de 3,5 m x 0,5 m, esse pequeno protótipo viabilizou, deste modo, a irrigação localizada de 7.200 m de linha de cafeeiros em 10 horas, ou o correspondente a cerca de 2 há de lavoura por dia. 

O protótipo foi construído em oficina de serralheria local, ao custo total de cerca R$ 4 mil, podendo ser implantado nas próprias propriedades. Destaca-se, ainda, que o sistema idealizado pode ser usado, também, para fertirrigação, pois aplica o líquido junto à saia dos cafeeiros. Como usa boa diluição, pode, com vantagem, aplicar adubos com base de ureia, pois, com a diluição em água, vai evitar as perdas normais de volatilização. 

Os testes realizados mostraram que o sistema novo de irrigação localizada possui boas condições de operar em pequenas áreas de cafeeiros, a baixo custo.


Vista da estrutura e rodado da pequena torre (foto acima) que suporta o tubo de irrigação e os pendurais que descem para distribuir a água em calda uma das 4 linhas, ao mesmo tempo (foto abaixo)


O tubo fino que desce do tubo (grosso) da torre, termina em forma de T invertido. Ele recebe perfurações por onde a água esguicha, dirigida para a saia das plantas de forma localizada

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