Nos sistemas de espaçamentos indicados atualmente para plantio de cafeeiros arábica, o uso de menores distâncias entre plantas na linha traz bons resultados, tanto em maior produtividade, como em facilidades no manejo da lavoura. 

Os espaçamentos usados na implantação de lavouras de café evoluíram muito nas últimas décadas, até se chegar à indicação de um sistema renque, onde a distância entre plantas na linha é bem pequena. No passado, os espaçamentos eram bem abertos. Nas décadas de 1950 e 1960, as distâncias eram de 3×3 a 4×4 m, com menos de mil covas/ha. Depois, nas décadas de 1970 e 1980, houve evolução para plantios com distâncias variando de 3,5-4 m x 1,5-2,5 m, com 1-2 mudas por cova. De meados dos anos 1980 em diante, foi demonstrada a importância de aumentar o número de plantas por área, para a faixa de cerca de 5-8 mil pl/ha, com o uso de espaçamentos em renque, com menor distância entre plantas (de cerca de 0,5 m) e maior nas ruas, esta última variando em função do manejo das áreas, com ou sem mecanização dos tratos. 

Muitos produtores, especialmente aqueles da cafeicultura de montanha, ainda relutam em adotar essas menores distâncias, argumentando que em distâncias maiores as plantas produzem mais. No entanto, um grande número de experimentos, realizados nas diferentes regiões produtoras, mostraram que, nas menores distâncias entre plantas de café, cada uma delas produz menos, porém, mesmo assim, pelo seu maior número, a produtividade por área fica maior (ver figura 1 e tabela 1). Na média de 9 experimentos, verifica-se que a produtividade, por hectare, nas lavouras a 0,5 m, foi cerca de 30% maior do que a 1,0 m. Além disso, devido ao melhor equilíbrio na relação folhas/frutos, com uso mais adequado das reservas das plantas, os cafeeiros se esgotam menos após as safras. O maior quantitativo de raízes e sua melhor relação com a parte aérea das plantas também é importante nesse aspecto. Esse esgotamento é mais importante nas variedades de cafeeiros menos vigorosas. 

Na figura 2, pode ser observado o esgotamento de plantas em ensaio em Franca (SP), na comparação após a 5ª safra de cafeeiros catuaí, nas distâncias de 0,5 e 1,0 m entre plantas. Fica evidente a situação de maior esgotamento das plantas a 1,0 m, se apresentando com ramagem seca e com menor vigor no geral, enquanto aquelas a 0,5 m apresentam vegetação normal. 

Outras vantagens da menor distância entre plantas de café na linha são as facilidades que o sistema oferece no manejo da lavoura: A) as plantas fecham mais rapidamente e reduzem o mato junto à linha, facilitando seu controle; B) reduz a erosão; C) promove o melhor aproveitamento do adubo, desde o início; D) igualmente, o renque melhora o aproveitamento das gotas pulverizadas; E) reduz o replantio, pois uma falha eventual pode ser coberta pelo desenvolvimento das plantas vizinhas; F) melhora a arquitetura de plantas de variedades muito compactas, pois as menores distâncias diminuem o palmetamento da ramagem lateral; G) facilita a colheita, pois a ramagem que se desenvolve entre plantas e sua frutificação, mais difícil de ser colhida, acaba desaparecendo; H) melhora a rebrota da ramagem em podas drásticas, pois as plantas, menos esgotadas, por uma menor carga de frutos, se recuperam mais rápido e, especialmente no caso de recepa, praticamente não falham. 

Os bons resultados obtidos com as menores distâncias na linha de plantio de cafeeiros permitem indicar o uso de espaçamento de 0,5 m entre plantas. Nas ruas, a distância vai variar com a condição local. Em áreas montanhosas, sem condições de mecanizar, essa distância pode ser menor, de 2 -3,0 m. Já nas áreas mecanizáveis, essa distância deve ser maior, na faixa de 3,5-4,0 m. Para situações especiais, onde se prevê o sistema safra zero, e, dependendo da variedade, podem ser usadas distâncias um pouco menores, mesmo em áreas mecanizáveis. Por outro lado, em áreas montanhosas, mas com previsão de micro-terraceamento, o ideal é abrir para 3,5 m nas ruas. Alguns técnicos acham que o espaçamento deve variar de acordo com o porte das plantas, das variedades, alto ou baixo. Os experimentos mostram que isso não é um procedimento correto. A lógica indica que ligeiros ajustes poderiam ser feitos conforme o diâmetro da saia das plantas, mas nem isso tem sido comprovado.

Tabela 1 – Produtividade em cafeeiros em diversos ensaios e regiões, na comparação de duas distâncias entre plantas na linha




Figura 1 – Parcelas de cafeeiros da cultivar catuaí A 62, do ensaio de espaçamentos na linha, indo para a 6ª safra, com contraste entre 3,5 x 0,5 (esq.) e 3,5 x 1,0 m (dir.) – Franca (SP), maio/2020. Fonte- FT 511 do Procafé on line, de Matiello, J.B. et alli. Fund. Procafé, 2020 


Figura 2 – Média de produção, em oito safras, por planta (litros/pl) e por área (scs/ha) em cafeeiros, sob diferentes espaçamentos entre plantas na linha, sob irrigação de pivô central-LEPA. Verifica-se que na distância menor, de 0,5m, a produção por planta é menor (5 litros), porém, mesmo assim, a produtividade por área é maior (55 sacas). L.E. Magalhães-BA, 2008. Fonte: Santinato et alli, Anais do 34º CBPC, Mapa/Procafé, 2008, p.392 

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