A ferrugem do cafeeiro, causada pelo fungo Hemileia vastarix, é a doença mais importante da cultura do café, causando, sem controle, severos prejuízos na produtividade das lavouras. Ela apresenta lesões nas folhas, aparecendo, na parte inferior do limbo foliar, uma coloração alaranjada de aspecto pulverulento, que consiste nos esporos do fungo. Essa coloração deu origem ao nome da doença como “ferrugem alaranjada” que, aqui no Brasil, foi simplificado como apenas “ferrugem do cafeeiro”.

Na literatura antiga consta que existia outro tipo de ferrugem em plantas de café, a ferrugem farinhosa, causada por Hemileia coffeicolla, cujos esporos tinham cor bem clara. No entanto, nunca foi observado esse tipo de ferrugem aqui no Brasil, apesar de já termos mais de 50 anos da ferrugem no país.

Eventualmente, surgem, no campo, lesões de ferrugem com coloração branca, gerando dúvidas em alguns técnicos que assistem aos produtores. Os conhecimentos sobre a doença mostram que a origem dessa coloração é devido ao hiper-parasitismo por outros fungos sobre os esporos da ferrugem. No Brasil é considerada a ocorrência do fungo Verticillium hemileiae que, com o desenvolvimento do seu micélio branco, cobre, parcial ou totalmente, a lesão antes alaranjada da ferrugem. Em alguns trabalhos de pesquisa e em outros países é citado o parasitismo por fungo identificado como Verticillium lecanii ou Lecanicillium lecanii. Aqui no Brasil, esse fungo também é relatado parasitando alguns insetos, no cafeeiro tem sido relacionado a parasitismo de cochonilhas.

A possibilidade de uso desses fungos parasitas no controle biológico da ferrugem do cafeeiro vem sendo estudada, porém sem resultados positivos. Parece que, em campo, eles são afetados pelos raios do sol, vez que a sua ocorrência, de forma natural, é maior em zonas de altitude mais elevada, mais sombrias e úmidas, assim como em lavouras mais adensadas. No mesmo sentido, as lesões mais parasitadas ocorrem em folhas localizadas na saia dos cafeeiros. Pesquisas mostram que esses fungos são sensíveis aos raios UV. Além disso, o parasitismo aparece mais no final do ciclo da ferrugem, em maio/junho, assim não influenciando no controle da doença. Como as folhas passam a ter lesões da ferrugem já necrosadas e, talvez, pelo próprio parasitismo, parece que ocorre uma maior produção de etileno, que até acelera a queda das folhas.


Lesões da ferrugem do cafeeiro completamente tomadas pelo fungo hiper-parasita Verticillium ou Lecanicillium, originando a coloração branca, pelo seu micélio. Pode-se observar as folhas com as manchas brancas caídas no chão

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