Por Natália Camoleze

Após pausa de dois anos por conta da pandemia de covid-19, nesta quinta-feira (5) será realizada a premiação do 31º Prêmio Ernesto Illy de Qualidade Sustentável do Café para Espresso. A illycaffè selecionou 40 cafeicultores finalistas que serão premiados na ocasião. 

A Experimental Agrícola do Brasil, braço da illycaffè no país, analisou 754 amostras enviadas das principais regiões produtoras de café arábica da safra 2021/2022, por meio da Comissão Julgadora da premiação, composta por especialistas seniors em espresso da illycaffè.

Na manhã desta quinta, ocorreu uma coletiva de imprensa com a presença de Andrea Illy, presidente da illycaffè; Anna Illy, presidente da Fundação Ernesto Illy e membro do Conselho Administrativo da illycaffè; Alessandro Bucci, diretor de compras; e Frederico Canepa, diretor da illy Sul América. 



Andrea iniciou expressando sua alegria em poder retornar ao Brasil e comentando sobre a importância do Prêmio, iniciado em 1991 através de seu pai, Ernesto Illy, que abriu o mercado para os cafeicultores dispostos a cultivar cafés especiais e estimulou o trabalho na cadeia. 

“Temos muito orgulho dessa iniciativa pioneira, que já reconheceu mais de mil e quinhentos produtores. Nesse ano foram mais de 700 amostras inscritas. A premiação nacional serviu de inspiração para criação do Prêmio Ernesto Illy Internacional, que completa sua sétima edição, reunindo 27 cafeicultores de nove países, e deve ocorrer no segundo semestre em Nova York, se não houver problemas sanitários”, contou Andrea. 

Um dos destaques da coletiva foi a agricultura regenerativa, que é vista pela illycaffè como um modelo para enfrentar as mudanças climáticas e promover a troca de experiências e ideias em relação à transformação do solo e do cultivo através de práticas sustentáveis. 

“Ser sustentável é uma escolha diária, dever moral da empresa, respeitando os mais altos padrões, evitando crises ambientais, sociais e econômicas. É importante corrigirmos os erros do atual modelo de mineração, que continua esgotando os recursos planetários, criando uma enorme quantidade de resíduos que se acumulam no meio ambiente. Há uma necessidade urgente de um novo modelo de desenvolvimento socioeconômico, regenerativo, que seja circular e capaz de não só reutilizar recursos, tentando não produzir resíduos, mas também de revitalizar o capital natural, ao mesmo tempo em que busca o bem-estar do homem e do planeta”, pontuou o presidente da empresa italiana. 

Ele destacou que o intuito é melhorar as práticas agronômicas, desenvolver mais variedades resistentes ao clima, investir em plantações, reservas de água e adubos orgânicos: “O Brasil conta com ótimas instituições que buscam as melhorias das variedades”. 

Sobre o tema, Alessandro Bucci comentou que “o Brasil tem ótimas condições e um avanço tecnológico avançado em relação a outros países produtores. As fazendas estão cada vez mais bonitas e os produtores estão animados para mudar, regenerar e melhorar a plantação”.

Em relação à pandemia, Andrea mencionou que os preços do café dobraram e a logística de envio do grão foi complexa – já que os portos foram fechados – além dos problemas com a crise, a seca e geada. Segundo ele, o consumo em casa aumentou bastante em comparação com o consumo fora do lar. “Estamos na expectativa de um equilíbrio nessa questão, já que a forma de trabalho e o tempo fora de casa foi mudado”, disse. 

Já sobre o conflito entre Rússia e Ucrânia, o presidente da illycaffè apontou que não houve um grande impacto comercialmente para a empresa, já que ela não possui uma relação de mercado com a Rússia e conta com um distribuidor menor na Ucrânia: “A inflação foi muito impactada com a guerra e o sentimento grande de insegurança”. 

“A geada na região do Cerrado foi uma surpresa, comprometeu muito a produção. Talvez haja uma estabilização em 2023, mas podemos ter uma inversão do ciclo de alta e baixa. A junção da seca e geada não víamos há muito tempo”, disse Alessandro. Já o presidente da marca afirmou que prefere não realizar previsões sobre a nova safra.

Andrea destacou, ainda, em relação aos novos rumos da empresa, que agora conta com um novo conceito de governança em busca de um maior desenvolvimento. “A nova CEO, Cristina Scocchia, iniciou os trabalhos em janeiro e prepara um plano estratégico para melhorias internas”, finalizou. 

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