No mês de agosto/2023, as cotações do arábica, na ICE Futures US (Bolsa de Nova Iorque), logo em seu primeiro dia, fecharam em 164,40 cents/lb, alcançando níveis acima de 167,00 cents/lb em seu segundo dia de negociações, para, depois, afundar em níveis inferiores a 150,00 cents/lb e encerrar o mês em 154,50 cents/lb, portanto, um mês baixista para o café arábica. 

Em relação ao café robusta, na ICE Futures Europe (Bolsa de Londres), o mês de agosto/2023 iniciou-se com fechamento em USD 2.494,00/ton logo em seu primeiro dia, para depois alcançar níveis superiores a USD 2.500,00/ton, e, então, ceder a níveis próximos de USD 2.350,00/ton, encerrando o mês em USD 2.489,00/ton. Portanto, foi um mês que, apesar dos altos e baixos, se encerrou próximo da estabilidade, evidenciando a consistência dos preços para os robustas. Os motivos destes movimentos nas principais Bolsas de Café do mundo com algumas possibilidades futuras, a seguir:




Fatores de sustentação (alta)

Atualmente, os fundamentos seguem baixistas. Mas afinal, até quando? Basicamente, um dos poucos, se não o único fator que ainda pode reverter esta tendência negativa, é um surto climático, não somente no Brasil, mas de um modo especial em qualquer uma das oito maiores origens de café do mundo. Do contrário, o café tende a seguir oscilando, de modo não tão intenso, dentro do intervalo que já se encontra, de 145,00 cents/lp a 160,00 cents/lp (ICE Futures US), totalmente suscetível ao cenário macroeconômico, ao câmbio e ao andamento das exportações que vêm para consolidar as estimativas de safra do ciclo 2023/24, podendo, inclusive, ter o suporte rompido caso a safra global para o próximo ciclo (2024/25) se consolide como a grande maioria dos players de mercado ainda esperam. 

E este surto climático? É difícil acontecer? Frente ao cenário de mudanças climáticas que o mundo vem vivenciando, diria que as chances não são remotas, ainda mais considerando o começo de ocorrência do El Niño, fenômeno meteorológico que não ocorre há quatro anos e que pode afetar a produção em importantes origens. No Brasil, apesar de modelos climáticos americanos e europeus indicarem chuvas acima da média para o mês de setembro em importantes regiões cafeeiras, é preciso seguir acompanhando a situação com cautela, pois além das elevadas temperaturas, o retorno antecipado das chuvas em determinadas regiões cafeeiras do país ocasionou uma abertura precoce de diversas floradas, o que pode ser desfavorável para uma produção uniforme e volumosa. 

Com o risco climático relacionado ao El Niño no radar, surgem preocupações em relação à oferta não somente do Brasil, que aliás, por ora, não é tão preocupante quanto em outras origens tal como na Ásia, onde importantes origens, tais como Vietnã e Indonésia, já apresentam apreensão com o risco da escassez de chuva. De acordo com a analista de inteligência de mercado da hEDGEpoint Global Markets, Natália Gandolphi, de um modo geral, quando ocorrem os eventos de El Niño, há uma redução média de 5% na produção de arábica no mundo, o que equivale atualmente a algo em torno de 8,5 milhões de sacas. Todavia, é importante ter muita cautela e não cravar o martelo, ainda é cedo para se afirmar algo neste sentido, sendo esta apenas uma possibilidade que a cada dia se torna menos remota. Além disso, mesmo que o El Niño já tenha se iniciado, é necessário aguardar para ver como o mesmo vai se estabelecer e o que, de fato, ocasionará nos padrões de chuvas e temperaturas do mundo.

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