As condições climáticas têm sido desafiadoras para os produtores de café. A seca atingiu regiões de Minas Gerais e pode prejudicar a produção do próximo ano. No Cerrado Mineiro e na região Sul do estado, a estiagem deverá ser responsável por até 40% na queda de produção para 2021.

De acordo com o presidente da Associação dos Produtores de Cafés Especiais do Sul de Minas (Aprocem), Leonardo de Carvalho, este ano, os 72 cooperados colheram cerca de 16 mil sacas nos municípios de Poço Fundo e Araxá, região de atuação da cooperativa. A previsão para o próximo ano é de colher apenas seis mil sacas de café da variedade arábica.

“Acredito que a seca será responsável por uma queda de 40% na produção. Juntando com a bienalidade baixa, teremos cerca de 65% a menos de café em 2021, se comparar com esse ano. A falta de água nas lavouras causou uma desidratação nas plantas e ocorreu esse prejuízo”, contou.

Na região do Cerrado Mineiro a situação não é diferente. O presidente da Associação dos Pequenos Produtores do Cerrado (Appcer), Carlos Alberto Fardim Nunes, também acredita em queda de 40% na produção dos 96 cooperados, que estão localizados no município de Patrocínio.

“Ficamos 150 dias sem chuva na região. As lavouras tiveram muitas flores, mas devido à seca, os pés de café perderam folhas, os chumbinhos – que é o estágio do fruto após as flores – queimaram e ocorreu uma perda grade. Algumas lavouras em que a previsão era de colher 80 a 90 sacas, não devem produzir mais que 35 a 40 sacas. É uma perde muito significante”, lamentou Carlos Alberto.

Na Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé (Cooxupé), localizada em Guaxupé, Sul de Minas, o reflexo da seca também deve prejudicar a próxima safra. O presidente da cooperativa, Carlos Augusto Rodrigues de Melo, aponta preocupação para 2021.

“O clima não tem nos ajudado. Entendemos que teremos quedas acentuadas na próxima safra, mas não podemos afirmar em números de quanto será essa quebra. Saberemos que terá queda significativa, pela bienalidade baixa e por conta da seca”, destacou.

Durante uma coletiva de imprensa realizada na quarta-feira (16), transmitida de maneira digital, o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Sistema FAEMG/SENAR/INAES), Roberto Simões, destacou números positivos do setor agrícola de 2020 no estado e fez boas previsões para 2021, com exceção do café, que deverá ter uma queda na safra.

Em pergunta realizada pela Revista Negócio Rural, ele informou que ainda não há números concretos do quanto a seca prejudicará a próxima safra, mas que há produtores de regiões como o Sul de Minas, que terão prejuízos por dois ou até três anos.

“O que eu pude ver na região Sul é muito triste. Há produtores que não terão condições de produzir pelos próximos dois ou três anos. Já estamos buscando recursos para financiar esses cafeicultores, que terão que fazer um trabalho de poda ou recepa nas lavouras e precisam ter condições financeiras para os próximos anos sem produção”, disse o presidente do Sistema FAEMG.

De acordo com Roberto, além da bienalidade baixa, já que 2020 foi um ano de safra recorde, a seca vai influenciar na queda de produção, mas só no início de 2021 será possível estimar qual a redução. “Em parceria com a Emater, está sendo feito esse estudo, mas só teremos números mais precisos no início do próximo ano”, enfatizou.

Ele informou que já foram liberados cerca de R$ 150 milhões do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé) para cafeicultores afetados pela seca. “Na região Sul tivemos seca forte, com altas temperaturas e baixa umidade. Algumas lavouras foram queimadas como se fosse fogo”, contou. Também lembrou, entretanto, que 2020 foi um ano de safra recorde, em que foram colhidas 33,5 milhões de sacas de café em Minas Gerais, o que corresponde a um aumento de 36,3% em relação ao ano anterior. Esse volume representa 54% da produção nacional do grão.

As informações são da Revista Negócio Rural.

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