A desfolha em cafeeiros é um problema que pode causar perdas no desenvolvimento e na produtividade das plantas. Por isso, é importante conhecer suas causas para evitar os efeitos. 

O bom enfolhamento das plantas de café é necessário, pois as folhas são as responsáveis pela síntese de energia para a planta através da fotossíntese. Assim, quanto maior a área foliar por área de terreno (IAF), maior tende a ser o crescimento e a produção do cafeeiro. Esse IAF ideal pode ser obtido através de um bom número de plantas por área (pelo espaçamento) e pela manutenção das plantas enfolhadas. 

O cafeeiro não é planta de folhas caducas, assim, sob condições adequadas de sombreamento, umidade e nutrição, o cafeeiro pode manter praticamente todas as folhas por vários anos. Porém, nas condições de campo, a pleno sol e sob tratos normais, a vida das folhas do cafeeiro pode durar de 3 a 20 meses. 

O processo que leva à queda de uma folha está ligado ao rompimento da camada de abscisão existente na região de ligação do pecíolo ao ramo. Ela ocorre devido à alteração dos níveis de auxina e, principalmente, do etileno. Com o processo natural de senescência, ou por lesões ou destruição de área do limbo foliar, forma-se um apodrecimento que produz muito etileno e deixa a zona de abscisão sensível, se rompendo e causando a desfolha. Também ocorrem desfolhas por causas mecânicas. 

As principais causas de desfolha em cafeeiros são: 1- Desgaste da folhagem (stress), por carga das plantas, associada a deficiências nutricionais; 2- Ataque de pragas e doenças, provocando lesões e aumento de etileno; 3- Desfolha mecânica na colheita, ou por ventos fortes ou por queimaduras por pulverizações (sais, herbicidas, etc.); 4- Ocorrência de condições climáticas adversas, como estiagem, granizo, geada, ventos frios, desequilíbrio em temperaturas, etc. 

Os efeitos da desfolha sobre o crescimento e a produtividade dos cafeeiros dependem do nível e da época da desfolha. A tabela 1 mostra a influência de 4 níveis de desfolha (0, 30, 60 e 90%) em 4 épocas (fevereiro, maio, agosto e novembro). Pode-se observar que as perdas produtivas crescem com os maiores níveis de desfolha, especialmente a partir de 60%. Quanto à época, a desfolha se mostra mais prejudicial em maio e agosto, coincidindo quando a planta já, naturalmente, possui um menor nível de enfolhamento. Em novembro e em fevereiro, quando as plantas se encontram em fase de novo enfolhamento, a desfolha é menos prejudicial. 

Em termos gerais, o nível considerado crítico, acima do qual aumentam bastante os prejuízos produtivos, é de 50% de desfolha, ou seja, um enfolhamento de 50%. Isto significa que, por exemplo, um ramo que nos seus 6 últimos pares deveria ter 12 folhas, poderia perder até 6 delas. O nível de enfolhamento dos cafeeiros, especialmente aquele verificado no período mais crítico, no pós-colheita e pré-florada, é um parâmetro essencial no pegamento da frutificação. Assim, para saber como a lavoura vai produzir na próxima safra, basta observar o estado de enfolhamento das plantas do talhão, como elas se encontram em agosto/setembro. Isso ocorre porque as plantas de café concentram suas reservas na folhagem. O cafeeiro frutifica e enche os frutos, no período de 80 a 100 dias pós-florada. Nessa ocasião, caso a planta, pela desfolha, não possua boas reservas, a planta acaba abortando e deixando cair frutinhos, o que se chama de mau pegamento da florada, na realidade da frutificação.


Tabela 1- Efeito de níveis e épocas de desfolha em cafeeiros sobre a perda de produtividade – Venda Nova (ES)


Pode-se observar folha que se solta na zona de abscisão, junto ao ramo, devido lesão produtora de etileno (esq.), e grande queda de folhas por efeito de ataque de Phoma/Ascochyta, de um lado da planta, função de ambiente microclimático favorável (dir.)

Ramos desfolhados por ataque de ferrugem (esq.) e desfolha por forte estiagem, na comparação de cafeeiros em área sem e com irrigação


Desfolha mecânica por efeito da derriça dos frutos na colheita 

Fonte