Boletim semanal Escritório Carvalhaes – ano 88 – n° 5
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Santos, sexta-feira, 5 de fevereiro de 2021

O mercado de café apresentou-se semelhante ao da semana passada. A falta de rumo do mercado financeiro mundial e, aqui no Brasil, os problemas políticos internos e as sérias dificuldades encontradas para a gestão e combate da pandemia de Covid-19, levam o real a oscilar diariamente com força e rapidez frente ao dólar.

Como somos o maior fornecedor de café para o consumo mundial, tudo que acontece com nossa moeda e com as expectativas sobre o tamanho de nossas próximas safras de café repercutem quase que instantaneamente nas cotações dos contratos de café na ICE Futures US, em Nova Iorque, o principal termômetro para a formação dos preços praticados no mercado internacional de café.

As cotações do café na ICE esta semana oscilaram forte, refletindo, como usual, o que aconteceu no dia a dia do mercado cambial brasileiro. Os problemas climáticos, a cada ano mais frequentes e preocupantes, a falta de estoques e a pandemia da Covid-19, completam o quadro de incertezas que desorientam a formação de preços para o comércio de café.

Toda essa volatilidade acontece com a insegurança dos operadores, que reagem imediatamente a qualquer nova notícia que chega ao mercado. Depois, com uma análise mais acurada dos fundamentos, as cotações acabam voltando a espelhar o quadro de seca e quebra de safra no Brasil e as dificuldades enfrentadas por todos os principais países produtores de café com as mudanças climáticas. O crescimento da rolagem para maio, dos contratos de café com vencimento em março próximo na ICE, também mexem com os nervos dos “traders”.

Os contratos para março próximo fecharam hoje com alta de 45 pontos e encerram a semana valendo US$ 1,245 por libra peso. No balanço da semana, esses contratos somaram alta de 155 pontos. Em reais por saca, os contratos de café para março na ICE encerraram hoje valendo R$ 886,52. Ontem, fecharam a R$ 894,14. Na sexta-feira passada fecharam a R$ 889,96. Portanto, os contratos de café e a cotação do dólar oscilaram bastante no decorrer desta semana, mas, em reais por saca, os contratos de café na ICE encerram a sexta-feira praticamente no mesmo valor em que encerraram a sexta-feira passada.

Grande parte dos produtores continua se recusando a vender nas bases de preços oferecidas pelos compradores. O mercado é comprador e os produtores estão cautelosos. Vendem aos poucos, conforme as necessidades de “caixa”. As altas temperaturas nos cafezais durante a semana passada e no início desta semana aumentaram ainda mais a preocupação dos cafeicultores.

O excelente desenvolvimento e valorização de outros setores da agricultura e pecuária brasileira têm levado, ano após ano, mais cafeicultores a diversificarem sua produção, diminuindo riscos e aumentando a rentabilidade de seus negócios. Em um país de dimensões continentais como o Brasil, as alternativas variam de região para região. Em grandes áreas planas e mecanizáveis, cafeicultores estão destinando cada vez mais hectares para grãos, soja à frente. O desenvolvimento tecnológico elevou imensamente a produtividade por hectare e a variedade de clima e solo em que se pode produzir com boa rentabilidade soja, milho e trigo. Outras vantagens bastante citadas são a necessidade bem menor de mão de obra (e problemas trabalhistas) e os ciclos rápidos de produção com duas safras anuais, que diminuem os riscos envolvidos. Já existem, em algumas regiões de cerrado, testes para a produção de três safras anuais de grãos. Em áreas menores e mais acidentadas, a alternativa que cresce é a produção de frutas.

Até dia 5, os embarques de janeiro estavam em 2.433.762 sacas de café arábica, 241.309 sacas de café conilon, mais 231.704 sacas de café solúvel, totalizando 2.906.775 sacas embarcadas, contra 3.354.234 sacas no mesmo dia de dezembro.

Até o mesmo dia 4, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em janeiro totalizavam 3.465.404 sacas, contra 4.160.051 sacas no mesmo dia do mês anterior. Até dia 4, os embarques de fevereiro estavam em 51.859 sacas de café arábica, 20.493 sacas de café conilon, totalizando 72.352 sacas embarcadas, contra 77.911 sacas no mesmo dia de janeiro. Até o mesmo dia 4, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em fevereiro totalizavam 598.785 sacas, contra 457.702 sacas no mesmo dia do mês anterior.

A bolsa de Nova Iorque – ICE do fechamento do dia 29, sexta-feira, até o fechamento de hoje, dia 5, subiu, nos contratos para entrega em março próximo, 155 pontos ou US$ 2,05 (R$ 11,03) por saca. Em reais, as cotações para entrega em março próximo na ICE fecharam, no dia 29, a R$ 889,96 por saca, e hoje, dia 5, a R$ 886,52. Hoje, sexta-feira, nos contratos para entrega em março, a bolsa de Nova Iorque fechou com alta de 45 pontos. No mercado calmo de hoje, são as seguintes cotações nominais por saca para os cafés verdes do tipo 6 para melhor, safra 2020/2021, condição porta de armazém:

R$ 710/740,00 – CEREJA DESCASCADO – (CD), BEM PREPARADO.
R$ 670/710,00 – FINOS A EXTRAFINOS – MOGIANA E MINAS.
R$ 640/670,00 – BOA QUALIDADE – DUROS, BEM PREPARADOS.
R$ 580/620,00 – DUROS COM XÍCARAS MAIS FRACAS.
R$ 500/530,00 – RIADOS.
R$ 430/450,00 – RIO.
R$ 480/500,00 – P. BATIDA P/O CONSUMO INT.: DURA.
R$ 460/480,00 – P. BATIDA P/O CONSUMO INT.: RIADA.

DÓLAR COMERCIAL DE SEXTA-FEIRA: R$ 5,3830 PARA COMPRA.

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