Cuidados especiais devem ser tomados no uso de corretivos na implantação de lavouras de café para evitar falta ou excesso de correção, igualmente prejudiciais. No plantio do cafeeiro, são importantes os nutrientes que trazem maior influência na formação do sistema radicular e na estrutura da planta. O cálcio, o magnésio e o fósforo são essenciais. 

A correção do solo e o suprimento do cálcio e magnésio devem ocorrer pelo uso de calcário, sendo a dose aplicada em área total, incorporada com aração e/ou gradagem, e mais uma quantidade do calcário junto ao sulco ou cova de plantio, misturado com a terra de re-enchimento. A dose de calcário depende da condição de disponibilidade de cálcio, magnésio e pH do solo, avaliados pela análise química. Quando o plantio é previsto sobre área antes com cafezal (erradicado ou com dobra) ou sobre cultura anual anterior, o uso de corretivos deve levar em conta a condição do solo, em função de correções já realizadas nessas culturas e consequente acúmulo de nutrientes por resíduos de corretivos e adubos da cultura anterior. 

Tem sido muito comum a verificação de carências de micronutrientes, quando o solo fica muito corrigido, com pH elevado. É frequente o amarelecimento de plantas jovens por correção excessiva. Este amarelecimento da folhagem decorre da deficiência de manganês, podendo, também, vir associada com deficiência de ferro e de outros micronutrientes. Exemplo desse problema foi observado, recentemente, em lavoura no Sul de MG. A dose de calcário utilizada e mais a dose de um termofosfato foram as normais, na base de 300-400 g por metro de sulco. As plantas estão agora com cerca de 10 meses de campo e muitas delas se encontram com esse amarelecimento, conforme pode ser observado nas fotos abaixo. Levantando o histórico da área, verificou-se que o plantio do café foi feito numa área que vinha sendo cultivada, por alguns anos, com soja e milho. 

O procedimento indicado, nas condições de já existir uma boa correção do solo, é o de utilizar uma dose menor (tipo uma meia-dose) de calcário, em função de que ele vai ser colocado em camada um pouco mais profunda, daquela corrigida pelo cultivo anual de cereais. Onde o sulco de plantio vai ser bem profundo, o que poderia exigir mais calcário, ou, em caso de dúvidas, indica-se avaliar melhor a situação através de análise de solo em profundidade de 20-40 cm. A aplicação do calcário em área total fica praticamente eliminada nessa condição. 

Por fim, indica-se como pode ser a correção do problema de deficiência de micronutrientes por excesso de correção. Através da diagnose foliar, ou, existindo dúvidas, por meio de análise foliar, identifica-se qual ou quais os micronutrientes estão em falta nas plantas. Para aqueles que pouco se aprofundam no solo, como o manganês, ferro, cobre e zinco, deve-se proceder o seu suprimento por pulverização com sais ou outras formulações de adubos foliares. No caso do boro, a via solo é a mais eficiente. Com o tempo, o uso de adubos acidificantes vai diminuindo o pH do solo e, assim, tornam os micronutrientes mais disponíveis.


Plantas amarelecidas, mostrando sintomas de deficiência de manganês (esq.) ao lado de planta normal (dir.), em área com solo já corrigido por plantio anterior de soja/milho – Sul de MG, nov/22

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