Por Gabriela Kaneto

Com a colheita praticamente finalizada, as regiões mineiras produtoras de café já podem notar floradas pontuais nas lavouras. Além de chamar a atenção pela beleza, o fenômeno, que acontece durante a primavera, é de extrema importância para o setor, pois determina a qualidade da próxima safra. São as flores que darão espaço aos frutos.

Justamente por ser essencial, é motivo de preocupação para os produtores, já que depende de diversos fatores como temperatura, adubação, recursos hídricos e manejo de pragas. Este ano, o maior desafio está sendo a falta de chuvas nas áreas produtoras de Minas Gerais, estado que mais produz café no Brasil.

“Aqui na região, as lavouras estão bem desenvolvidas e a primeira florada com certeza terá pegamento baixo”, conta Arabela Pereira Lima, produtora do munícipio de Monte Santo de Minas (MG). “Na fazenda, as plantas mais novas estão muito sentidas e algumas já se foram, vamos ter que replantar. Já as mais velhas abriram uns 10% da florada, o resto está aguardando água”, comenta. Segundo ela, não chove desde abril.


Foto: Arabela Pereira Lima

Em Santa Rita do Sapucaí (MG), a cafeicultora Doroteia Renno também está tendo problemas com o déficit hídrico. Ela, que ainda está terminando sua colheita, explica que o tempo seco está castigando a lavoura e já vem impactando a próxima safra. “Este ano está atípico. Não choveu nada desde maio. As chuvas já tinham que ter começado”, lamenta.

Apesar da preocupação no território mineiro, a falta de chuvas também pode ser observada em outras áreas produtoras do Brasil, como o Espírito Santo, segundo estado que mais produz café arábica e líder na produção dos grãos da espécie canéfora.

O produtor Eider Vicentin, do município de Castelo (ES), comenta que as lavouras cafeeiras estão bastante debilitadas depois da produção da safra atual, de bienalidade alta. “Deu uma pequena florada, mas chuva volumosa já tem uns dois meses que não temos”, relata.

No Centro-Oeste, os cafezais também estão registrando as primeiras floradas. A cafeicultora Cristiane Zancanaro, de Cristalina (GO), explica que o sistema de irrigação adotado pelos cafeicultores, tanto por pivô central quanto por gotejo, permitiu que as flores aparecessem. “Claro que não é a mesma coisa que a chuva de verdade, pois a umidade do ar continua baixa e as temperaturas estão muito altas. O café precisa da chuva para ter uma florada 100%. Só com a irrigação não conseguimos isso”, conta. De acordo com ela, a última chuva foi em maio.

Além da falta de precipitações, o tempo quente e seco também é motivo de preocupação, já que pode provocar o abortamento das flores. Cristiane observou que as temperaturas na região estão em torno dos 30º-35º C e a umidade, 25%. “A umidade melhorou nos últimos dias. Estava em 12% até o último final de semana”, informa.

Previsão para os próximos dias

Segundo informações da Somar Meteorologia, as chuvas retornam nos próximos dias às áreas produtoras da Mogiana, Zona da Mata de Minas, sul de Minas Gerais e sul do Espírito Santo. O acumulado previsto entre o domingo (20) e a terça-feira (22) passa dos 30 mm no sul de MG e oscila entre 15 mm e 30 mm na Mogiana, Zona da Mata e sul do ES. Chuvas mais fracas podem acontecer sobre essas áreas a partir de 27 de setembro.

Até 1º de outubro, a precipitação mais intensa acontecerá sobre o Paraná e a Alta Paulista. No Paraná, o acumulado alcançará 30 mm. Nos próximos 15 dias, também há previsão de chuvas no Cerrado, norte do Espírito Santo e sul da Bahia, mas com menor acumulado.

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