A mudança de hábitos dos consumidores e a procura cada vez maior por cafés mais sustentáveis têm movimentado produtores a buscar certificações como a de fair trade, que visam produtos em que os aspectos sociais, econômicos e ambientais são considerados na produção. As certificações de produtos orgânicos e de origem também cresceram.

Para o produtor de cafés especiais e orgânicos, João Mateus Ferreira, o custo de conversão de uma propriedade para cumprir as exigências das certificações acaba sendo compensado pelo valor agregado gerado ao produto. “Se a propriedade já estiver bem-organizada, não vejo aumento de custos para passar a produzir um café certificado”, ressalta.

O valor da certificação vai depender de quantas adaptações serão necessárias na propriedade. Mauro Junior, CEO da Certicafé, explica que muitas vezes a certificação é um processo bastante moroso e que o produtor deve fazer um alinhamento de expectativas para escolher o selo certo. “A certificação é o principal instrumento para se comprovar boas práticas nos produtos. Porém, 80% da nossa cafeicultura é formada por agricultura familiar e são produtores que estão à margem da certificação por causa dos entraves burocráticos”, salienta.

João Mateus, que também é coordenador da Cooperativa dos Agricultores Familiares de Poço Fundo e Região (COOPFAM), explica que é importante o produtor estar antenado nas tendência do mercado. “Hoje dentro da cooperativa nós temos vários incentivos para o produtor entender os benefícios da mudança do manejo. Eles vão conversando e vendo que vale a pena”, diz. “Eventos como a Semana Internacional do Café são muito importantes para que o produtor que por dentro das tendências e troque experiências”, completa.

Paula Tavares, consultora em sustentabilidade da Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC), destaca que a sustentabilidade impacta toda a cadeia, desde a produção, embalagem, transporte, até chegar às mãos do consumidor. “A ABIC entende que é preciso dar um destino sustentável que envolva toda a cadeia, por isso incentivamos nossos associados a trabalharem com outras matrizes como comprar do produtor local e investirem em logística reversa”, diz.

A reputação das empresas produtoras de café também estão no radar da ABIC. “Nessa era do on-line que estamos vivendo, as empresas têm sido muito cobradas. Nós temos recomendado que os consumidores busquem informações no sites das marcas e as empresas estão respondendo muito bem a isso”, reforça Paula Tavares.

Além da parceria com escolas, a ABIC também tem feito iniciativas como a campanha “Recicle: é tudo de bom” e o Upcycling, que é a técnica de reutilização de produtos derivados da cadeia do café para a produção de artigos de decoração ou bijuterias, por exemplo.

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