Boletim semanal Escritório Carvalhaes – ano 90 – n° 25
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Santos, sexta-feira, 23 de junho de 2023

A semana foi de queda acentuada para os contratos de café na ICE Futures US em Nova Iorque. As cotações, que neste mês de junho já estavam pressionadas pelo avanço dos trabalhos de colheita da nova safra brasileira, sofreram, nesta terça e quarta-feira (na segunda, feriado nos EUA, não houve pregão na ICE), com a rolagem final para setembro, dos contratos com vencimento em julho próximo. Ontem, a divulgação da previsão do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), de aumento de 2,5% na produção mundial de café no ano-safra 2023/2024, contribuiu com o ambiente negativo para as cotações do café.

O recuo das cotações internacionais do café aconteceu em uma semana negativa para as commodities em geral, com os agentes de mercado preocupados com a possibilidade de um desempenho mais fraco da economia global, o que leva a um sentimento menos favorável a ativos de risco.

A produção mundial de café na safra 2023/2024 — que vai de outubro a setembro — deve chegar a 174,3 milhões de sacas de 60 quilos, estimou o USDA. O volume é 4,3 milhões de sacas, ou 2,5%, maior que o total colhido no ciclo anterior. “Espera-se que a maior produção no Brasil e no Vietnã mais do que compense a redução da produção na Indonésia”, disse o USDA. O consumo mundial também apresentará um novo pico histórico, caso a projeção do departamento americano se concretize: 170,2 milhões de sacas. (fonte: Valor Econômico).

Em nossa opinião, esses números são estimados e não alteram de modo significativo o precário equilíbrio entre produção e consumo mundial. Os estoques globais de café são criticamente baixos, em uma época de grandes incertezas climáticas, e continuarão em um patamar preocupante e historicamente baixo.

Os contratos de café trabalharam em baixa por toda a semana na ICE Futures US, em Nova Iorque. Em Londres, na ICE Europe, depois de uma semana mais positiva, hoje os contratos de café fecharam o dia em queda forte. Em Nova Iorque, os contratos para setembro próximo bateram hoje em US$ 1,6995 na máxima do dia, e encerraram o pregão em queda de 540 pontos, a US$ 1,6485 por libra peso. Ontem perderam 200 pontos. Anteontem caíram 385 pontos, para US$ 1,7225 por libra peso. Na terça-feira, esses contratos recuaram 465 pontos. Na segunda-feira, não houve pregão na ICE americana. Na sexta-feira passada, esses contratos fecharam com perdas de 220 pontos, a US$ 1,8075 por libra peso. No acumulado desta semana, perderam 1.590 pontos. No balanço da semana passada, esses contratos para setembro caíram 590 pontos.

Hoje, na ICE Europe, em Londres, os contratos para setembro próximo trabalharam em queda acentuada. Fecharam com perdas de 73 dólares, valendo 2.676 dólares por tonelada. Ontem oscilaram forte e terminaram fechando em alta de 23 dólares, a 2.749 dólares por tonelada. Acumularam queda de 71 dólares na semana. Sexta-feira passada, fecharam a US$ 2.747 por tonelada. Na semana passada, esses contratos somaram alta de 45 dólares por tonelada.

Os estoques de cafés certificados na ICE americana subiram, esta semana, 1.323 sacas. Há um ano eram de 969.421 sacas, quando já eram considerados baixos e muito preocupantes. Caíram, neste período, 422.771 sacas. Estão em 546.650 sacas. Na semana passada, somaram queda de 5.052 sacas. Na semana anterior, esses estoques recuaram 23.129 sacas. No mês de maio caíram 96.645 sacas. No mês de abril, a queda foi de 62.731 sacas. Chegam informações ao mercado de que o ritmo de queda diminuiu em razão dos estoques restantes serem de cafés da América Central, de algumas safras atrás, recertificados, e depositados na Europa. 

O dólar fechou hoje em alta de 0,13%, a R$ 4,7780. Na sexta-feira passada, fechou em alta de 0,35%, a R$ 4,8200. Na sexta-feira anterior encerrou a semana a R$ 4,8760.

Em reais por saca, os contratos para setembro próximo, na ICE em Nova Iorque, encerraram o dia a R$ 1.041,91. Fecharam, ontem, valendo R$ 1.074,69. Na sexta-feira passada, encerraram a semana a R$ 1.152,44.

Com as cotações na ICE americana em queda diária e o dólar recuando frente ao real no decorrer da semana, os compradores diminuíram suas bases de preços diariamente. O mercado físico brasileiro permaneceu calmo, praticamente paralisado, com poucos produtores dispostos a vender nas bases oferecidas pelos compradores. Os negócios fechados são sempre de produtores que precisam fazer caixa rapidamente para enfrentar as despesas de colheita, mas o volume é pequeno para esta época de início de safra. O volume de café da safra 2022 ainda em mãos de produtores é baixo. Os estoques de passagem da safra brasileira 2022 serão, com certeza, os menores em muitas dezenas de anos.

Nesta semana, o tempo seco se intensificou e predominou sobre as áreas produtoras de café. Fez frio durante as madrugadas sobre o centro-sul do País, mas nos últimos dias as temperaturas ficaram em gradativa elevação. O tempo seco continuará predominando sobre a maior parte das áreas produtoras do centro-sul, do Espírito Santo, Rondônia e Bahia ao longo das próximas semanas. A maior parte da próxima semana será marcada pelo predomínio do tempo seco e elevação das temperaturas sobre as áreas produtoras do Sul e do Sudeste. Não há previsão para novo declínio acentuado das temperaturas pelo menos ao longo dos próximos 15 dias e as condições vão continuar favoráveis à colheita e secagem dos grãos de café (Climatempo).

Até dia 23, os embarques de junho estavam em 1.100.973 sacas de café arábica, 92.406 sacas de café conilon, mais 188.440 sacas de café solúvel, totalizando 1.381.819 sacas embarcadas, contra 1.300.659 sacas no mesmo dia de maio. Até o mesmo dia 23, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em junho totalizavam 1.564.375 sacas, contra 1.637.158 sacas no mesmo dia do mês anterior.

A bolsa de Nova Iorque – ICE, do fechamento do dia 16, sexta-feira, até o fechamento de hoje, dia 23, caiu, nos contratos para entrega em julho próximo, 1.590 pontos ou US$ 21,03 (R$ 100,49) por saca. Em reais, as cotações para entrega em setembro próximo na ICE fecharam, no dia 16, a R$ 1.152,44 por saca, e hoje, sexta-feira, dia 23, a R$ 1.041,91. Hoje, nos contratos para entrega em setembro, a bolsa de Nova Iorque fechou em baixa de 540 pontos. No mercado paralisado de hoje, são as seguintes cotações nominais por saca para os cafés verdes do tipo 6 para melhor, safra 2022/2023, condição porta de armazém:

R$ 970/1010,00 – CEREJA DESCASCADO – (CD), BEM PREPARADO.
R$ 940/980,00 – FINOS A EXTRAFINOS – MOGIANA E MINAS.
R$ 880/920,00 – BOA QUALIDADE – DUROS, BEM PREPARADOS.
R$ 820/850,00 – DUROS COM XÍCARAS MAIS FRACAS.
R$ 800/820,00 – RIADOS.
R$ 780/800,00 – RIO.
R$ 770/800,00 – P. BATIDA P/O CONSUMO INT.: DURA.
R$ 770/800,00 – P. BATIDA P/O CONSUMO INT.: RIADA.

DÓLAR COMERCIAL DE SEXTA-FEIRA: R$ 4,7780 PARA COMPRA.

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