Observações de campo mostram que a ação continuada de ventos sobre plantas de café, desde a sua formação, pode influir sobre a estrutura das raízes primárias dessas plantas.

O sistema radicular do cafeeiro é composto de raízes classificadas em dois grupos: as grossas e as finas. As raízes grossas são compostas de uma ou mais pivotantes ou pseudopivotantes (conhecidas como pião/ões), mais as raízes axiais e as verticais. As raízes finas abrangem dois tipos: as de suporte e as absorventes.

Vários fatores já são conhecidos por afetarem a distribuição do sistema radicular de cafeeiros, como a cultivar, a idade das plantas, o tipo de solo, o espaçamento e os métodos de cultivo.

Em condições normais, o sistema radicular primário do cafeeiro é composto de um pião, simples ou bifurcado, e as raízes grossas laterais saem mais em baixo nele. Já nas áreas muito expostas a ventos, com sua ação mecânica chegando a tombar, ligeiramente, as plantas, isto ocorrendo desde o plantio dos cafeeiros, tem sido observadas mudanças na estrutura das raízes grossas das plantas. Nessa situação, podem ser vistas raízes grossas saindo, em grande número e com maior diâmetro, na região do colo da planta e logo abaixo, muito superficialmente no solo.

As possíveis causas dessa emissão de raízes laterais grossas, junto à superfície do solo, parecem estar ligadas à necessidade de maior suporte da planta frente à ação do vento. É como se a planta precisasse se firmar.

Alguns trabalhos relatam essa resposta em outras espécies de plantas. É citado o fenômeno de tigmotropismo, ou seja, movimento ou crescimento orientado pelo contato, ou um estímulo ao toque ou contato, no caso, pelo efeito do vento na planta. No caso dos cafeeiros, pode estar havendo a formação de novas raízes no lado que recebe o vento ou ocorrendo um engrossamento das raízes já existentes. Não se conhece o processo fisiológico envolvido na emissão dessas raízes grossas superficiais, mas uma das hipóteses pode ser a própria mudança no eixo da planta, meio tombada. Outra hipótese é a transformação de tecidos, formados junto ao tronco, por efeito do movimento constante provocado pelo vento. Auxina, etileno e Ca, em geral, estão envolvidos nesse tipo de resposta.

Fica então a observação do fenômeno verificado em condições de campo. Modificações por ação de vento sobre cafeeiros também podem ocorrer na parte aérea das plantas.

Na figura 1, pode ser observado um sistema radicular de cafeeiro que sofreu ação constante de vento, na condição da região cafeeira da Chapada Diamantina, na Bahia, ao lado de um sistema radicular normal. Na figura 2, na mesma área, pode-se verificar, em dois outros cafeeiros, comportamento semelhante do sistema radicular grosso, alterado provavelmente pela ação do vento constante.


Figura 1 – Sistema radicular normal, colocado para comparação (esq.) e sistema radicular grosso alterado provavelmente pela ação de ventos constantes (dir.) – Bonito (BA)


Figura 2 – Mais dois cafeeiros com sistema radicular modificado com raízes grossas saindo mais junto ao colo das plantas, num cafeeiro mais velho (esq.) e mais novo (dir.) – Bonito (BA)

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