As incertezas no cenário econômico global e o avanço de uma frente fria sobre áreas produtoras voltaram a influenciar o mercado de café nesta semana, informa o Boletim Carvalhaes de sexta (28). No Brasil, o mercado físico permaneceu calmo, com poucos negócios sendo fechados. Compradores demonstram interesse por diferentes padrões de café, mas os preços oferecidos continuam abaixo das expectativas dos vendedores, o que mantém o volume de vendas insuficiente para atender à demanda interna e externa.
No campo, a chegada do outono muda o foco dos operadores para a evolução das frentes frias. No boletim da Climatempo divulgado na sexta-feira (28), diz o relatório, o avanço de um sistema frontal ao longo da próxima semana deve trazer chuvas significativas e declínio acentuado nas temperaturas sobre o centro-sul do Brasil. Estão previstos volumes acima de 70 mm em regiões produtoras como Alta Mogiana, sul de Minas Gerais e Zona da Mata. Áreas como o Triângulo Mineiro, Cerrado Mineiro e sul do Espírito Santo também devem registrar precipitações. A massa de ar frio associada ao sistema pode derrubar as temperaturas em partes do sul de Minas para abaixo de 12°C — sem previsão, porém, de frio extremo.
Cotações
De acordo com o boletim Carvalhaes, as bolsas de café operaram com fortes oscilações nos últimos dias, pressionadas pela instabilidade econômica provocada pelas novas políticas comerciais dos Estados Unidos. O anúncio do presidente Donald Trump, feito na quarta-feira (27), sobre a taxação de 25% em todas as importações de automóveis, elevou as tensões da guerra comercial e aumentou a aversão ao risco nos mercados internacionais.
Assim, na ICE Futures US, em Nova York, os contratos de arábica para maio oscilaram 725 pontos entre a máxima e a mínima nesta sexta-feira (28), encerrando o dia a US$ 3,7995 por libra-peso, com alta de 115 pontos. No pico do dia, a cotação chegou a US$ 3,8480 (alta de 600 pontos). Na véspera, os contratos haviam recuado 1.320 pontos, e na quarta-feira (26), 655 pontos. Em fevereiro, os contratos de maio acumularam alta de 170 pontos; em janeiro, o ganho foi de 5.650 pontos.
Na ICE Europe, os contratos de robusta para maio fecharam a sexta (28) a US$ 5.337 por tonelada, com queda de US$ 86. O contrato chegou a US$ 5.409 na máxima do dia. Na quinta, a queda também foi de US$ 86, e na quarta, de US$ 154. Na semana passada, os contratos recuaram US$ 178; na semana anterior, haviam subido US$ 118. No mês de fevereiro, a perda acumulada foi de US$ 364; em janeiro, houve valorização de US$ 889, traz o boletim.
Estoques certificados
Os estoques de cafés certificados na ICE Futures registraram nova baixa nesta sexta-feira (28), com recuo de 6.241 sacas. O total estocado caiu para 771.576 sacas, contra 595.209 sacas no mesmo período do ano passado — um aumento de 176.367 sacas em 12 meses. Na semana passada, os estoques caíram 6.132 sacas; na anterior, 19.028 sacas. Em fevereiro, a retração foi de 61.994 sacas, e em janeiro, de 112.385 sacas. No acumulado de 2025, a queda soma 208.391 sacas.
Contratos futuros
Ainda de acordo com o Boletim Carvalhaes, convertidos para o real, os contratos de arábica para maio na ICE Futures US encerraram a sexta-feira (28) valendo R$ 2.895,97 por saca. Uma semana antes, a cotação estava em R$ 2.959,42 e, duas semanas antes, em R$ 2.944,12.
Embarques
Até o dia 28 de março, os embarques brasileiros somavam 2.631.469 sacas de café, número inferior às 2.675.823 sacas embarcadas no mesmo período de fevereiro. O volume inclui 2.272.631 sacas de café arábica, 126.693 sacas de conilon e 232.145 sacas de café solúvel.
Emissão de certificados de origem
Por fim, diz o boletim, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em março alcançaram 3.175.167 sacas até o dia 28, superando os 2.901.178 pedidos registrados no mesmo período de fevereiro.