Nos últimos quatro anos, o setor cafeeiro enfrentou desafios climáticos significativos — geadas, escassez de água e altas temperaturas — devido a fenômenos climáticos extremos. Em particular, o clima adverso registrado no último ano e no fim de 2023 afetou severamente as principais regiões produtoras de café, resultando em uma queda na produtividade média das lavouras. Segundo o quarto e último levantamento da safra de 2024, divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) nesta terça-feira (21), a produção de café foi estimada em 54,2 milhões de sacas de 60kg. Esse volume representa uma redução de 1,6% em relação à safra de 2023. Comparado a 2022, o último ano de um ciclo de alta bienalidade, houve um aumento de 3,3 milhões de sacas.
Em 2024, a área total dedicada à cafeicultura no Brasil alcança 2,23 milhões de hectares, dos quais 1,88 milhão de hectares estão em produção e 353,6 mil hectares em fase de formação. A produtividade média nacional de café conclui o ano em 28,8 sacas por hectare, representando uma queda de 1,9% em relação à safra de 2023.
Minas Gerais, o maior estado produtor de café do país, responsável por 52% da produção nacional, registrou uma colheita de 28,1 milhões de sacas, o que significa uma redução de 3,1% em comparação com a safra anterior. Essa diminuição é atribuída às estiagens prolongadas e às altas temperaturas durante o ciclo produtivo das lavouras. A situação se agravou a partir de abril, quando as chuvas se tornaram escassas em todo o estado, com ocorrências pontuais de precipitações de baixo volume.
Arábica e canéfora
Entre as espécies de café, apesar do ciclo de bienalidade positiva deste ano, o arábica exibiu um leve aumento de 0,2% na produtividade média, impactado principalmente pelas adversidades climáticas durante o desenvolvimento das lavouras, especialmente em Minas Gerais. Como resultado, a produção de arábica alcançou 39,6 milhões de sacas de café beneficiado, um aumento de 1,8% em relação à safra anterior.
Por outro lado, a produtividade média do conilon foi afetada negativamente, apresentando uma redução de 5,9%, alcançando 39,2 sacas por hectare, resultando em uma produção total de 14,6 milhões de sacas. No Espírito Santo, estado-chave para esta cultura, a produção foi de 9,8 milhões de sacas, o que representa uma queda de 3,1% comparado ao volume de 2023. Embora o ciclo produtivo no estado tenha começado com um potencial elevado, as condições climáticas adversas entre outubro e dezembro de 2023, incluindo ondas de calor intensas, comprometeram significativamente esse potencial na safra de 2024.
O levantamento da produção cafeeira no Espírito Santo é realizado em parceria com o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), e eventuais divergências com dados de outras instituições são meticulosamente analisadas pela Conab.
Outro importante produtor de canéfora, Rondônia registra uma safra de pouco mais de 2 milhões de sacas – 31,2% abaixo da safra anterior. Assim como no Espírito Santo, o clima adverso no final de 2023 impactou o volume colhido em 2024, além do ajuste de área devido ao mapeamento.
Mercado
Em 2024, o Brasil estabeleceu um novo recorde na exportação de café, alcançando a marca de 50,5 milhões de sacas de 60 quilos, o que representa um aumento de 28,8% em relação ao ano anterior, conforme os dados consolidados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). Essas exportações geraram uma receita recorde de US$ 12,3 bilhões, marcando um aumento de 52,6% em comparação com 2023, e destacando-se como o maior valor já obtido pelo Brasil neste setor.
A quantidade de café exportada pode incluir estoques de produções de diferentes anos-safra. Portanto, a análise do quadro de suprimentos não deve considerar apenas o volume produzido na última safra.
Diversos fatores contribuíram para o crescimento das exportações de café do Brasil em 2024, incluindo a valorização do produto no mercado internacional e a alta do dólar. O equilíbrio ajustado entre oferta e demanda global elevou os preços do café no ano passado, mesmo com a recuperação da produção em alguns países. Além disso, novas adversidades climáticas em importantes países produtores restringiram a recuperação da oferta futura, contribuindo para a elevação dos preços.
Para mais informações detalhadas sobre os números da safra de café no Brasil em 2024, consulte as tabelas e o boletim completo do 4º levantamento do produto, disponíveis no site da Conab.